Passageiros de vôos internacionais e consumidores de produtos importados que se preparem: as lojas de free-shop nos aeroportos brasileiros serão recheadas por novas grifes, terão preços mais competitivos e passarão a atender pelo nome Dufry. Isso é o que promete o espanhol Juan Carlos Torres, 57 anos, chairman da multinacional que acaba de adquirir, por US$ 250 milhões, 51 lojas da Brasif ? 29 delas livres dos impostos de importação ?, em sete terminais nacionais. ?Queremos introduzir mais marcas de qualidade, como Hermes, Lacoste e Bulgari?, disse ele à DINHEIRO na quinta-feira 23. Centenária multinacional com sede na Basiléia (Suíça) e faturamento de US$ 740 milhões em 2005, a Dufry desembarca no Brasil com um plano bem definido: vender mais para quem está deixando o País do que para aqueles que chegam. Hoje, 70% das receitas da Brasif vêm das lojas de entrada e apenas 30% das de saída. A inversão de objetivos segue a um princípio simples: os viajantes que chegam só podem consumir até US$ 500. Para quem parte, não há limites.

Quando procuraram o empresário Jonas Barcellos, então sócio majoritário da Brasif, no final de 2005, os executivos da Dufry vieram em busca de um mercado a ser desbravado. Para eles, um dos maiores atrativos do Brasil é o crescimento anual de 15% no número de passageiros internacionais, o dobr do restante do mundo. Por isso, Torres vislumbra que, em breve, a Dufry poderá ocupar mais espaço nos aeroportos. Para negociar com as autoridades aeroportuárias, levará na bagagem o argumento de que esse tipo de comércio ajuda a aumentar o faturamento. ?Há aeroportos cujos free-shops representam menos de 5% do faturamento do terminal?, afirma o espanhol. ?Mas esse percentual chega a até 45%. Os de Londres, Paris e Madri são verdadeiros shopping centers?.

A Dufry possui 360 lojas em aeroportos de 35 países e, com a compra da Brasif, soma 1.500 funcionários a seus 4.500. Por enquanto, a empresa ainda não definiu planos de investimentos, porque depende da autorização dos aeroportos para tomar qualquer inciativa. O negócio, feito em sociedade com o Advent, fundo americano de investimento em participações em empresas dirigido no Brasil por Erwin Russel, incluiu a compra da Eurotrading, empresa de logística que viabiliza toda a atividade do varejo. Aparentemente, a multinacional não enfrentou entraves burocráticos para realizar o negócio. O contrato para funcionamento dos free-shops é feito com a Infraero, assim que a Receita Federal autorize o aluguel do espaço. O interessado ganha o direito de isenção de importação, que permite a comercialização dos produtos importados a preços semelhantes aos de seus países de origem. ?O direito de isenção é do passageiro que adquire os produtos oferecidos no free-shop?, afirma Barcellos.

US$ 250 milhões foi quanto o grupo Dufry pagou pelas 51 lojas da Brasif, 29 delas livres de impostos