Lucas Kallas, presidente do Conselho da Cedro Participações, tem se destacado como uma voz cada vez mais relevante entre as mineradoras brasileiras, em defesa de um novo modelo de mineração sustentável. Durante o seminário “Brasil-China 50 anos”, o empresário aproveitou o espaço para dar um recado direto ao presidente do BNDES, Aloizio Mercadante: usar o Fundo do Clima para acelerar a transição ecológica do setor.

O fundo, que está capitalizado em R$ 10,4 bilhões, oferece recursos para diversos setores, mas não prevê o minério de ferro. O mesmo problema, segundo Kallas, ocorre com as debêntures incentivadas, que também excluem o setor. “Existe financiamento para tudo, por que não estamos olhando para a mineração?”, questionou o empresário.

A nova locomotiva da mineração é o chamado pellet feed, um tipo de minério de ferro concentrado que passa por um processo de aglomeração para formar pelotas, reduzindo pela metade a emissão de gases de efeito estufa no processo. Não por acaso a matéria-prima caiu no gosto de industriais chineses e europeus no esforço para reduzir a pegada de carbono e ganhar pontos com o mercado e investidores.

“Podemos transformar 30% da produção brasileira de minério de ferro em pellet feed. Isso significa um investimento de centenas de bilhões de reais que o Brasil está plenamente apto para liderar”, destacou no debate com o presidente do BNDES.

Uma mensagem clara para todo o setor: estar entre os líderes mundiais em volume não vai levar o Brasil ao próximo estágio de evolução da indústria, que estará inevitavelmente associada a um modelo de geração de valor baseado em sustentabilidade.