23/08/2013 - 21:00
“Papai, não esqueça da minha Caloi”. Até hoje essa frase é lembrada pelos brasileiros como um dos slogans mais bem-sucedidos da história. A criadora da propaganda, a fabricante de bicicletas Caloi, fundada em 1898 pelo italiano Luigi Caloi, chegou a ser uma das dez maiores empresas do setor no mundo. Nos anos 1990, sua produção alcançou a marca de dois milhões de unidades. Seu faturamento era de cerca de US$ 300 milhões. No final da década, no entanto, mergulhada em dívidas, a empresa entrou em crise. A família fundadora vendeu seu controle para Edson Vaz Musa, ex-presidente da Rhodia no Brasil, cujo filho Eduardo assumiu o comando, sem conseguir reviver os tempos áureos da companhia.
No guidão: Eduardo Musa, atual CEO da Caloi, vai permanecer no comando da operação
Agora, com a chegada de um novo sócio, a Caloi tem novamente a expectativa de voltar a ocupar um lugar de destaque no mercado global de bicicletas. Na semana passada, o grupo canadense Dorel, com sede em Montreal, comprou 70% do controle da fabricante, que faturou, no ano passado, R$ 273,5 milhões. A estratégia da Dorel, que além de bicicletas também fabrica móveis e produtos para bebês, como carrinhos e cadeiras automotivas, é transformar o Brasil num polo de fabricação para a América Latina. Atualmente, a Caloi produz 700 mil bicicletas por ano em sua fábrica em Manaus. “Nos últimos quatro anos, procuramos crescer em mercados emergentes, como a China, o Leste Europeu e, agora, o Brasil”, afirmou, em comunicado, Martin Schwartz, CEO da Dorel.
Eduardo Musa continuará como presidente no Brasil. Com a aquisição, a divisão de bicicletas do grupo canadense, dono da marca Cannondale, voltada para competições, chegará a uma receita de US$ 1 bilhão. Ao todo, ela fatura US$ 2,5 bilhões. A indústria nacional ainda precisa pedalar muito. O mercado brasileiro, que movimenta R$ 2 bilhões, vem apresentando desempenho abaixo da média. Em 2012, as vendas no setor caíram 10%, para 4,5 milhões de unidades, segundo dados da Abraciclo, que representa os fabricantes. Nos últimos sete anos, as exportações brasileiras de magrelas despencaram mais de 90%. A China, por sua vez, já exporta mais de 60 milhões de bicicletas por ano.