Assim que receber a aprovação da Superintendência de Seguros Privados (Susep), o jornalista e ex-sindicalista paulistano Sérgio Rosa vai assumir a presidência da BrasilPrev, empresa de previdência privada controlada pela companhia americana Principal e pela seguradora do Banco do Brasil. Rosa deixará a presidência da Caixa de Previdência do Banco do Brasil, a Previ, onde esteve por oito anos.Se a importância de um executivo financeiro é proporcional aos recursos que ele administra, Rosa pode se considerar rebaixado. Hoje, a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, é o maior investidor individual do País e um dos 50 maiores fundos de pensão do mundo. 

 

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Na montagem, o ex-presidente da Previ à frente do edifício da BrasilPrev em São Paulo:

depois de chefiar o maior fundo de pensão do Brasil, Rosa terá de enfrentar os desafios do setor privado

 

Tinha cerca de R$ 136 bilhões em investimentos em junho e atendia um universo de 178 mil pessoas no fim de 2009, entre funcionários do banco na ativa e aposentados, além dos beneficiários. Já a BrasilPrev é bem diferente. É uma empresa de previdência privada aberta, com cerca de R$ 31 bilhões em ativos e 1,25 milhão de clientes no fim de junho.

 

Previ e BrasilPrev têm um objetivo semelhante, que é o de garantir a aposentadoria de seus clientes. A diferença é que a Previ conta com o patrocínio do Banco do Brasil, ao passo que a BrasilPrev é custeada por seus clientes. 

 

Se os gestores da Previ tomarem uma decisão incorreta, o BB, que é o patrocinador, resolverá o problema. Se os executivos à frente da BrasilPrev derraparem, a conta vai para os clientes. Será que Sérgio Rosa poderá repetir na BrasilPrev os bons resultados obtidos na Previ?

 

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Rosa é considerado um executivo competente pelo mercado financeiro, pois ele ampliou o patrimônio da fundação. Rosa também recebeu algumas críticas pela dedicação ao Partido dos Trabalhadores durante seu trabalho à frente da fundação e fora dela – antes de sua indicação para a BrasilPrev, ele trabalhou ativamente na captação de recursos para a candidata Dilma Rousseff.

 

Um dos exemplos de sua boa gestão foram os investimentos em ações da Vale. A Previ, ao lado do Bradesco, é um dos principais acionistas da mineradora, hoje a mais importante empresa do mercado acionário brasileiro. Nos oito anos em que esteve à frente da Previ, Rosa viu as ações da Vale apresentarem uma valorização de 315%. 

 

Outras aplicações não foram tão bem-sucedidas, como, por exemplo, o complexo hoteleiro da Costa do Sauípe, na Bahia, uma encrenca herdada por Rosa. Os demonstrativos financeiros da Previ avaliavam a participação em R$ 293 milhões no fim de 2002, valor que havia recuado para R$ 149,8 milhões no fim de 2009, um prejuízo de mais de R$ 140 milhões ou 49%. 

 

Os problemas do projeto e os desentendimentos entre os sócios que integravam o projeto original, lançado no ano 2000, fizeram com que a Previ tivesse de injetar mais e mais recursos para manter o complexo funcionando.  

 

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Essa característica da Previ, Rosa não encontrará na Brasilprev. A Previ é uma fundação de previdência privada com um grande patrocinador, o Banco do Brasil e suas subsidiárias. As contas da fundação são sólidas e não há falta de caixa, mas, na pouco provável hipótese de que isso ocorra, o BB poderá ser chamado para resolver o problema. 

 

Há outra diferença. Os pensionistas e beneficiários da Previ são um público cativo, os funcionários do Banco do Brasil. No caso da BrasilPrev, um cliente insatisfeito pode pedir a transferência de seu dinheiro para um concorrente sem muito trabalho, a chamada portabilidade de recursos. 

 

“A previdência privada aberta vem crescendo, mas seu crescimento é vegetativo”, diz o consultor independente Valter Hime. Competir nesse mercado será o novo desafio para Rosa.