Reservado e objetivo, o executivo Sérgio Rosa assumiu o comando da Brasilprev, em setembro do ano passado,  com o desafio de transformar a empresa de previdência privada associada ao Banco do Brasil na líder do setor, tanto em ativos quanto em número de clientes. Para superar as concorrentes Bradesco e Itaú, Rosa vai reproduzir uma estratégia que aplicou entre 2003 e 2010, quando comandava a Previ, o maior fundo de pensão do País. ?Vamos diversificar mais as aplicações, dedicando uma parcela maior dos recursos aos investimentos imobiliários?, disse Rosa em entrevista exclusiva à DINHEIRO.

Ao contrário do que ocorreu na Previ, porém, a Brasilprev não vai comprar um tijolo sequer. Como a regulamentação dos fundos de previdência abertos impede os investimentos diretos, todas as aplicações serão financeiras ? em títulos lastreados por imóveis ou em fundos imobiliários. ?A intenção é diversificar. Isso traz um diferencial positivo para o investidor, pois a rentabilidade dos ativos imobiliários no longo prazo é maior do que a das aplicações de renda fixa?, diz Rosa.

 

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Estratégia de vendas: a aposta será nos clientes mais jovens e de renda mais baixa,

que podem começar sua aposentadoria investindo apenas R$ 25 por mês

 

O executivo conhece bem o setor de tijolo e cimento. Em seu último ano à frente da Previ, Rosa gerenciava uma carteira imobiliária de R$ 3 bilhões. É uma cifra relevante, mas representa pouco mais de 2% dos R$ 136 bilhões geridos pelo fundo de pensão. A aposta mais conhecida é a que oferece menos razões para celebração, o problemático investimento no conjunto hoteleiro Costa do Sauípe, no litoral norte da Bahia. Com baixas taxas de ocupação e tendo atravessado inúmeras reestruturações, o empreendimento sempre foi um sorvedouro de dinheiro.

 

Durante a gestão de Rosa, o valor do complexo lançado nos livros da Previ encolheu 49%, caindo de R$ 293 milhões no fim de 2002 para R$ 149,8 milhões no fim de 2009. ?Sauípe não é representativo e foi uma experiência com a qual aprendemos muito?, diz ele. ?Apesar do mau resultado, a carteira de imóveis da Previ rendeu de 22% a 23% ao ano, mesmo em 2008, auge da crise financeira.? Em 2010, a Previ conseguiu realizar o primeiro lucro com o empreendimento, no valor de R$ 5,1 milhões.

 

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Os investimentos imobiliários da Brasilprev ainda são pequenos ? Rosa não revela os números ?, mas ele diz acreditar que o potencial de crescimento é expressivo. ?O setor imobiliário cresceu e melhorou, no Brasil, e há segmentos interessantes, como o dos imóveis comerciais de alto padrão.? Os analistas concordam.  ?Historicamente, os investimentos em títulos imobiliários têm oferecido um desempenho melhor que o das aplicações de renda fixa?, diz o consultor Raphael Cordeiro, especialista em análise de portfólio. ?Os fundos são mais líquidos e transparentes do que os imóveis em si?, afirma o consultor Mauro Calil. ?É mais fácil avaliá-los e negociá-los no mercado, se for necessário.?

 

Não foi apenas a experiência bem-sucedida no ramo de imóveis que Rosa trouxe consigo. ?O balanço da minha gestão na Previ é positivo. Tivemos um crescimento em rentabilidade e patrimônio líquido e também uma melhora na governança corporativa?, disse. Acostumado a lidar com cifras bem maiores que as da Brasilprev, o executivo tem experiência na gestão das reservas.

 

Novidade mesmo só a parte comercial. À frente da Previ, sua clientela era cativa. Na nova função, as vendas estão no topo da agenda. Para superar os gigantes da concorrência ele diz que vai aproveitar ao máximo o canal de distribuição do Banco do Brasil e apostar nos  clientes de renda mais baixa, reforçando os planos em que o investimento começa com R$ 25 por mês.

 

A Brasilprev já é líder nos planos individuais e para menores de idade, e na captação líquida. Para alcançar o primeiro lugar em ativos ela precisa quase dobrar de tamanho. Dados de fevereiro da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida  mostram que a empresa está em terceiro lugar, com R$ 39,2 bilhões. A Bradesco Vida e Previdência tinha, naquele período, R$ 79,4 bilhões. No meio do caminho ainda há o Itaú Vida e Previdência, que possuía R$ 53,3 bilhões em ativos. ?Tivemos um ótimo desempenho e superamos nossas metas?, diz Rosa.  No primeiro trimestre, a arrecadação foi 80% superior à do mesmo período de 2010, enquanto o mercado cresceu cerca de 30%.  ?Mantendo o atual ritmo podemos alcançar a liderança?, afirma.

 

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