14/01/2003 - 8:00
Se há um investimento que deve passar ao largo das dúvidas do mercado financeiro este ano é aquele que aposta na previdência privada. Portanto, caso você ainda
não tenha sido contaminado pela necessidade de aplicar
nos fundos que prometem garantir tranqüilidade na aposentadoria ? já adotada por 6,5 milhões de pessoas no Brasil ?, este pode ser um bom momento. Bancos e corretoras prometem incrementar ainda mais as opções de fundos. Por isso, a Associação Nacional de Previdência Privada (Anapp) estima que este mercado cresça entre 30% e 40% este ano, repetindo o desempenho de 2002.
Os bons números mostram que aplicar em previdência já não é um assunto tabu para os brasileiros. Siglas como PGBL (de Plano Gerador de Benefícios Livre) não soam mais tão estranhas. Pouco menos o modelo VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livre) lançando no ano passado. A diferença entre as duas aplicações de previdência está basicamente nos benefícios fiscais, já que o PGBL permite o abatimento do valor investido no Imposto de Renda, mas também não exigirá o pagamento de imposto no momento do saque, ao contrário do VGBL. Justamente por isso eles se destinam a públicos diferentes. O PGBL adequa-se mais aos assalariados, enquanto o VGBL é voltado especialmente para profissionais autônomos.
A previsão para 2003 é de que essa sopa de letrinhas cresça ainda mais para atender novos perfis de clientes. Em busca desses novos investidores, os bancos se programam desde já. O Bradesco, por exemplo, terá uma nova versão VGBL, com seguro de vida incluído no produto. ?A discussão sobre previdência atrai a clientela. Em 2003, com o tema da reforma previdenciária, deve crescer ainda mais o interesse?, diz o presidente da Bradesco Vida e Previdência, Marco Antonio Rossi. O Unibanco também vai fazer lançamentos, provavelmente em março. ?Os planos estão sendo rejuvenescidos, com garantias mais próximas da realidade do mercado e com mais chances de atender exatamente aquilo que o consumidor quer?, adianta o diretor de Vida e Previdência do Unibanco, Hosannah M. Santos Filho. Para o presidente da Real Vida e Previdência, Julio Bierrenbach, tanto esses lançamentos como o comportamento do mercado de previdência em geral devem consolidar uma tendência de simplificação dos produtos financeiros para esse segmento.
E é nessa linha que a Canada Life também planeja colocar novos produtos no mercado em 2003. O principal deles deve ser um plano com benefícios fiscais diferentes para o VGBL.
Entre as diversas aplicações financeiras disponíveis para o consumidor brasileiro, os planos de previdência privada aberta
foram os que mais cresceram no período pós-Plano Real. De menos de R$ 1 bilhão em 1994, os ativos acumulados devem alcançaram cerca de R$ 16 bilhões em 2002. Porém, nos Estados Unidos, só em um produto chamado 401(k), semelhante ao PGBL, há US$ 1,5 trilhão em ativos.
Em qualquer país do mundo, a grande vantagem desse tipo de investimento é a possibilidade de adiar o pagamento de impostos
até o fim do plano. Justamente por isso é uma opção interessante para quem realmente pretende deixar o dinheiro aplicado por um período longo, entre dez e trinta anos. Vale repetir o mantra: quanto mais cedo você começar a aplicar melhor é. Quer dizer que alguém que inicie a aplicação aos 30 anos, por exemplo, precisa aplicar menos dinheiro por mês do que alguém que comece aos 45. Neste período, você estará pagando para que alguém cuide bem do seu dinheiro até o momento em que você mais precisará dele. Mas acreditar que basta escolher um bom produto e fazer depósitos mensais para solucionar todos os seus problemas é ingenuidade. As operações têm de ser acompanhadas com freqüência. Mesmo porque, diferentemente do que ocorria quando esses planos surgiram, hoje é possível esperar deles rendimento semelhante ao dos outros fundos de investimento do mercado, como os de renda fixa, em torno de 1% ao mês.