O arquiteto canadense Frank Gehry, de 77 anos, autor do Museu Guggenheim de Bilbao, na Espanha, uma construção de linhas modernas e arredondadas, recentemente debutou no universo do luxo ao assinar uma coleção de jóias para a americana Tiffany. A coleção foi recebida com entusiasmo pelo abastado público consumidor da joalheria. O maior projeto do arquiteto ao lado de uma renomada grife, contudo, foi revelado na última semana de moda de Paris. Gehry recebeu a tarefa de projetar o futuro Museu da Fundação Louis Vuitton, que será erguido entre 2009 e 2010, no parque de Bois de Bolougne, em Paris. A um custo de 100 milhões de euros, ele promete mudar a tradicional paisagem da cidade, uma das que mais abriga prédios históricos. Com 6 mil metros quadrados, o museu terá formas contorcidas ou, como definiu Gehry, ?cubos transparentes esculpidos?. Ali, o grupo Louis Vuitton Moët Henessy, o LVMH, potência que comanda marcas como Dior, Fendi e Kenzo, organizará exposições de arte moderna e contemporânea, reservará um espaço para pesquisas e ministrará aulas sobre arte.

 

A tacada de Bernard Arnault, o dono do grupo LVMH e o homem mais rico da França, é audaciosa. Afinal, ele pretende construir um museu particular em uma cidade recheada de museus públicos, de fácil acesso. A explicação para tal ousadia, entretanto, se esconde em uma batalha pessoal com François Pinault, dono do grupo PPR/Pinault-Printemps, que tem sob o seu guarda-chuva empresas como Gucci e a casa de leilões Christie?s. Depois de tentar criar um museu na França e esbarrar na burocracia, Pinault, dono de uma das principais coleções de arte moderna e contemporânea do Velho Continente, levou, no ano passado, todo seu acervo para o Palazzo Grassi, uma suntuosa construção à beira do Grande Canal de Veneza, na Itália. Antes de expor as obras, incumbiu o arquiteto japonês Tadao Ando de reformar cada canto do palácio. Trabalho feito, Pinault inaugurou a primeira exposição em março e já prepara uma segunda mostra.

 

Arnault, conhecido por ser um trator no mundo dos negócios, não quer ficar para trás como um dos principais mecenas da Europa por isso chamou logo de cara Frank Gehry, um dos expoentes da arquitetura mundial. Desse modo, o museu já se torna uma obra de arte. Falta agora levar um pouco da história do grupo LVMH para dentro da construção de contornos surreais propostos por Gehry. Para um grupo que faturou 10,6 bilhões de euros nos três primeiros trimestres de 2006, isso é mero detalhe.