Um fato na construção civil brasileira: não dá mais para desassociar o desenvolvimento habitacional das iniciativas ambientais no entorno das obras. Não só pela necessária adaptação na intervenção urbana, mas principalmente pela preocupação com um ambiente melhor para a população. Nesse sentido, a construtora MRV aplicou, somente em 2023, R$ 6,6 milhões para a realização de plantio de 104.740 árvores. O montante integra o volume de R$ 234,7 milhões em urbanização nas cidades com empreendimentos da empresa no ano passado. “A gente toma muito cuidado com os impactos ambientais da obra. E qualquer intervenção nossa gera melhoria para a sociedade”, disse à DINHEIRO Raphael Lafetá, diretor de relações institucionais e sustentabilidade da MRV&CO.

Em 45 anos de fundação da empresa mineira criada por Rubens Menin, atual chairman da companha, já foram aportados mais de R$ 2 bilhões em obras de infraestrutura e plantados mais de 2 milhões de árvores.

Essas ações resultaram na geração de 370 mil empregos diretos e mais de 1,2 milhão de indiretos. “Procuramos sempre fazer mais do que as administrações municipais solicitam a partir de nossas obras. Além da questão ambiental, também podemos implementar voluntariamente uma escola ou um posto policial, por exemplo”, afirmou.

O plano ambiental da companhia integra o projeto Visão 2030 MRV, recentemente atualizado e que traz os compromissos da empresa nas práticas ESG. “A gente mapeou quais dos Objetivos de Desenvolvimentos Sustentáveis (ODSs) teriam mais aderência em nossas áreas para alcançar em 2030 um resultado que significasse uma melhor atuação ambiental. E recentemente revisitamos essas ações”, disse o diretor da companhia.

O planejamento atua em três frentes: a cadeia de valor (envolvendo os fornecedores), a conexão das ações da companhia com os ODSs e as iniciativas que impactam diretamente as comunidades do entorno e o meio ambiente.

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“O Sul é muito importante para a MRV. Vamos ajudar os que estão mais próximos e depois ampliar [a ajuda] para a população em geral.”
Rafael Lafetá diretor da MRV

Entre as ações de impacto estão a implementação de usinas fotovoltaicas nas construções, que ficam nos telhados dos empreendimentos. Os sistemas de geração de energia solar começaram a ser instalados em 2017 e atualmente estão em 70% dos lançamentos da MRV.

A avaliação é de que, nos próximos 25 anos, com esse modelo, os condôminos tenham uma economia de R$ 20 milhões e uma redução de emissão de gases equivalente a 30 mil toneladas de CO2.

RIO GRANDE

Desde o início da catástrofe climática que atingiu a população do Rio Grande do Sul, a construtora focou as atenções na região em dar toda a assistência às famílias dos colaboras que atuam nas obras da MRV no estado. Dos 25 mil funcionários da empresa no Brasil, 1.405 estão nas cidades prejudicadas pelas chuvas. E, desse número, 120 estão em situação emergencial, com necessidade de abrigo. “O Sul é muito importante para a MRV e temos mais de mil unidades em produção, no aguardo da melhora da situação.”

Além de levar os funcionários para hotéis, a empresa também tem realizado campanha de coletas de roupas, kits de higiene e recursos para que as pessoas possam retomar suas vidas e remontar suas casas. “Vamos olhar para aqueles que estão próximos e depois ampliar para a população em geral.”

Painéis de energia fotovoltaica instalados nos condomínios para geração de energia elétrica limpa e mais barata (Crédito:Divulgação )

Nos últimos dias, a MRV fez duas doações para campanhas de apoio às vítimas das enchentes. Uma delas foi integrada à ação da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e outra, no valor de R$ 100 mil, para o Movimento Bem Maior, destinado a entidades que estão na frente de socorro.

Um empreendimento pronto, com 420 unidades, e que não foi atingido, acabou sendo utilizado para abrigar pessoas que foram afetadas pelas chuvas em Porto Alegre, bem ao lado do aeroporto, que ficou completado inundado.

O ponto é que, segundo o executivo, a companhia realiza estudo para riscos de inundação com prazo de 200 anos, já que as obras não foram afetadas pelas águas, justamente por estarem em locais mais altos ou aterrados. “A gente estuda os terrenos, quando vamos comprar, como se comportam em relação a deslizamentos, inundações e questões hídricas. Por isso a gente pode dar uma segurança melhor aos nossos consumidores”, disse Lafetá.