02/09/2009 - 7:00
NA CRISTA DA RECUPERAÇÃO: em sentido horário, os presidentes Fernando Lemos (Banrisul), José Bezerra de Menezes (BicBanco), Luiz Sebastião Sandoval (Panamericano) e Manoel Felix Cintra (Indusval)
Eles são os anti-heróis da crise. Foram vítimas da desconfiança do mercado, tiveram suas ações derrubadas em 2008 e sofreram com o arrocho do crédito. Mas deram a volta por cima. BicBanco, Pine, Paraná Banco, Panamericano, Indusval e Banrisul, entre outros, estão no time das maiores altas do setor bancário na bolsa em 2009. O primeiro acumula rentabilidade superior a 250% no ano (leia quadro) e o preço de sua ação está próximo do patamar alcançado em outubro de 2007, período de seu IPO. Pura especulação? Segundo Catarina Pedrosa, chefe de análise do Banif, a situação está longe disso. “O mercado achou que esses bancos não sobreviveriam à crise por falta de liquidez. E eles se mostraram bem mais fortes que o esperado”, avalia. Diante de altas tão expressivas, ainda dará tempo de surfar essa onda?
Os analistas têm se debruçado nos números para responder a essa pergunta. No caso do BicBanco, o balanço está menos exuberante, mas não deixa de ser positivo. O lucro caiu de R$ 196 milhões em junho de 2008 para R$ 156 milhões no mesmo período deste ano. Resquícios do desaquecimento econômico que deixaram seu presidente, José Bezerra de Menezes, apreensivo. No entanto, o desempenho de suas ações é animador. “O Bicbanco é conservador, tem baixa exposição ao risco e boa avaliação pelas agências de crédito”, afirma Paulo Esteves, analista da Gradual Investimentos. No caso do Pine, cuja ação PN acumula 241,5% de alta, os ativos totais cresceram em relação a 2008, passando de R$ 5,9 bilhões em junho do ano passado para R$ 6,2 bilhões no último balanço.
* consolidado de 12 meses até 24 de agosto de 2009 Fonte: Economática
Outro beneficiado foi o Paraná Banco, cujas ações PN subiram 241,1% no ano. Segundo Cristiano Malucelli, diretor de relações com investidores do banco, o ponto que definiu a recuperação foi a decisão do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) de aumentar a cobertura dos depósitos de pequenos e médios bancos. “Fomos muito beneficiados. E, com a perspectiva de aumento do crédito para os próximos anos, não temos do que reclamar”, afirma Malucelli. A cobertura definida pelo FGC para quem depositar a prazo em bancos menores saltou de R$ 60 mil para R$ 20 milhões. Ou seja, risco zero para a maioria dos investidores.
No caso do Panamericano, presidido por Luiz Sebastião Sandoval, e especializado em crédito para a compra de veículos, a situação é semelhante (163,3% de alta no ano). “É um banco com 15 anos de experiência nessa área e extremamente competente no que faz, assim como o Paraná Banco com seu crédito consignado”, diz Pérsio Nogueira Júnior, da Planner Corretora. Banrisul e Indusval seguem o mesmo caminho, fazendo com que seus presidentes, Fernando Lemos e Manoel Felix Cintra Neto, não poupem sorrisos. No entanto, o investidor deve ter cautela na hora de comprar tais papéis. É o conselho do professor de mercado financeiro do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Ricardo Humberto Rocha. “Apesar de estarem baratas, essas ações podem se valorizar a um ritmo mais lento. O investidor não deve achar que o ganho do ano se replicará tão rápido novamente.”