12/07/2000 - 7:00
Do plantio do algodão à confecção da camiseta. É atuando do início ao fim da cadeia produtiva que a Quatro K conseguiu se transformar na maior empresa brasileira virtual do setor têxtil. Virtual mesmo, no fiel sentido da palavra, já que não tem sequer uma unidade fabril. De concreto, são apenas três escritórios e um armazém para estoque de mercadorias. O resto é por conta dos 35 parceiros da companhia que, nos moldes da gigante americana Nike, terceiriza tudo. ?Somos 100% verticalizada?, diz Tales Konstantyner, de 36 anos, fundador da Quatro K. A empresa planta, beneficia, fia, tinge, costura e comercializa; faz tudo sem mexer uma máquina ou agulha. E a rede de fornecedores não pára de crescer. No momento, Konstantyner negocia um contrato com uma fiação do Ceará. É a 36.ª parceria.
Parte das mil toneladas de algodão consumidas por mês pela Quatro K é plantada e beneficiada no Rio Grande do Norte, mas a matéria-prima também é comprada no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. De lá, o fio pronto vem para São Paulo e Santa Catarina e é distribuído entre as malharias associadas a Konstantyner. Embora boa parte dos insumos venha da base de parceiras, a empresa invariavelmente recorre ao mercado externo para dar conta dos pedidos. E a comercialização dos produtos, feita sobretudo no Estado de São Paulo, vale para todas as fases da cadeia produtiva. Em outras palavras, uma parte da produção de tecidos, por exemplo, segue até o final da cadeia e outra parte pode desembocar diretamente no comércio, dependendo da demanda. Konstantyner dá outro exemplo: ?Se o mercado precisa de fios, aumentamos a produção deste material e deixamos de lado tecidos. Nossa flexibilidade é grande?.
Há 13 anos no mercado, a Quatro K começou suas atividades em Santos (SP) como uma confecção fundo de quintal. Na época, a empresa tinha apenas quatro máquinas, uma costureira e o jovem empresário que, além de cuidar da parte administrativa, também fazia as vezes de cortador de tecidos. Hoje, a Quatro K gera 5,5 mil empregos indiretos, embora apenas 105 funcionários estejam em sua folha de pagamento. ?Dividimos os custos com os parceiros?, diz o empresário, que se tornou surfista depois que começou produzir moda para as praias, com a grife Natural Art. Para este ano, Konstantyner prevê um faturamento de R$ 55 milhões, contra os R$ 35 milhões do ano passado. A expectativa para o ano que vem é produzir mil toneladas de tecido tingido, dobrando a capacidade atual. Como a empresa vem exibindo crescimento de 60% ao ano desde 1996, não é difícil imaginar que os planos desse ex-militar, formado pela Academia Militar das Agulhas Negras, vão se concretizar.