18/06/2003 - 7:00
A CCR, maior empresa de concessões rodoviárias do Brasil, prepara-se para embarcar em uma nova onda. Nas próximas semanas, a companhia anunciará sua entrada no setor de cobrança eletrônica de pedágio. O nome do serviço já está definido: Onda Livre. A composição acionária do novo negócio, porém, ainda necessita dos últimos retoques. Uma das opções não deixa de ser, digamos, diferente. Nela a CCR teria como sócios alguns de seus próprios acionistas, as construtoras Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrecht, Serveng e SVE. O projeto-piloto do Onda
Livre foi realizado na Ponte Rio-Niterói. Agora o serviço será
estendido para as demais estradas administradas pela CCR, como a Via Dutra, o sistema Anhanguera-Bandeirantes e a Rodonorte, no Paraná. Nada impede que nos próximos tempos, a empresa ofereça o serviço para outras concessionárias.
Nesse caso, o Onda Livre enfrentará a concorrência da CGMP, responsável pela operação do Sem Parar. Ambos funcionam
da mesma forma. Um pequeno equipamento chamado TAG ou transponder é instalado no vidro da frente do automóvel.
Quando o veículo passa pela cabina de pedágio, uma antena
capta o sinal com o código emitido pelo aparelho, liberando a passagem. A tarifa e uma taxa mensal são debitadas na conta corrente ou no cartão de crédito. Há, porém, uma pedra no meio do caminho desse sistema. A segunda promotora de Justiça do Consumidor de São Paulo, Deborah Pierri, abriu inquérito para apurar quem deveria arcar com o custo da implementação do TAG e a taxa mensal: as concessionárias ou os usuários?
Questionadas, as 12 concessionárias rodoviárias do Estado e
a CGMP alegaram que o procedimento teve o aval da agência reguladora estadual, Artesp. Deborah foi para cima dela.
Resposta: no entender da agência, a instalação do aparelho
deve ser paga pelo usuário, mas a cobrança da tarifa mensal é abusiva. Agora, o inquérito voltou para Deborah.
É provável que em algum momento, o Onda Livre também terá de responder à Promotoria. Os argumentos da CCR: um TAG custa
US$ 26, e para torná-lo acessível, a companhia teria de subsidiar a compra pelo usuário. Cada cliente gera um prejuízo inicial de R$ 50, que será recuperado ao longo do tempo. O Onda Livre abre um mundo de possibilidades de faturamento. A leitura eletrônica pode ser utilizada, por exemplo, em postos de combustível e redes de restaurantes à beira da estrada para automatizar a cobrança de seus serviços. Transportadoras rastreariam veículos de sua frota usando a mesma tecnologia. O serviço pode até entrar no perímetro urbano, com adoção por shopping centers, para a cobrança de estacionamento, e por grandes edifícios comerciais, para o controle de entrada de automóveis. Os valores em todos esses casos seriam debitados na conta corrente dos usuários.