15/12/2004 - 8:00
Foi dramático como uma ópera. Quando o prefeito de Milão decidiu fechar um dos símbolos da cidade para reforma, há três anos, houve um alarde barítono. Quando parte do edifício foi demolida para dar lugar a uma torre de 58 metros de altura, as críticas soaram como os trinados das sopranos. Em vão. E, descobre-se agora, era tudo injustiça. Depois de 36 meses de reforma, a um custo de US$ 82 milhões, o La Scala renasce como uma das mais modernas casas de espetáculo do mundo. ?É um templo lírico, onde aconteceram as grandes estréias de ópera da história?, diz Vicente Amato, diretor do teatro paulistano Sérgio Cardoso. Por ali, desde 1778, passaram nomes como Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), Vincenzo Bellini (1801-1835), Gaetano Donizetti (1797-1848), Gioachino Rossini (1792-1868) e Giuseppe Verdi (1813-1901). Num exercício hipotético, é seguro dizer que aplaudiriam a nova casa, reaberta na terça-feira da semana passada com a mesma peça que, há três séculos, ocupou a noite inaugural, a ?Europa Riconosciuta?, do italiano Antonio Salieri.
Ao estilo neoclássico foram acrescentados detalhes de arquitetura moderna. A troca de cenários, antes manual, agora é automática. Ela permitirá uma agenda com 185 apresentações em 2005, diante das habituais 90. O número de assentos foi ampliado, passando de 1.800 para 2.105. Na parte de trás do encosto das poltronas há telas de tradução que transmitem legendas em inglês, francês ou italiano. A substituição de carpete por madeira no piso foi uma das medidas adotadas para melhorar a acústica. Os bilhetes da primeira noite esgotaram-se com velocidade, apesar do preço, US$ 2,5 mil. Foi um evento destinado a celebridades como Sophia Loren e Giorgio Armani ? além de convidados como a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, que trocou os áridos problemas paulistanos pelo lírico fascínio de Milão.
![]() | |||
![]() | |||
|