30/09/2019 - 15:20
O escândalo dos motores a diesel manipulados começou na Volkswagen e abalou todo o setor automotivo há quatro anos. Seguem abaixo suas principais etapas:
– Início do caso –
Em setembro de 2015, após as acusações da agência ambiental americana (EPA), a Volkswagen reconheceu ter equipado 11 milhões de veículos com um software capaz de manipular os resultados dos testes para que parecessem menos poluentes.
As emissões reais de óxido de nitrogênio (NOx), que é considerado causador de doenças respiratórias e cardiovasculares, era até 40 vezes superior ao limite legal.
Os motores a diesel emitem menos CO2 que os de gasolina, mas mais NOx.
A fraude afetou principalmente a marca VW do grupo Volkswagen, mas também outras como Porsche, Seat e Skoda.
– Consequências jurídicas –
NOS ESTADOS UNIDOS: A Volkswagen assumiu a culpa dos crimes de fraude e obstrução da Justiça, e apenas a Comissão de Bolsa e Valores (SEC) ainda tem ações judiciais contra o grupo.
Nove dirigentes antigos e atuais do grupo foram considerados culpados, entre eles o ex-presidente Martin Winterkorn e dois engenheiros, que foram condenados.
Em 2017, a Justiça aprovou uma indenização de cerca de 600 mil clientes, elevando a 22 bilhões de dólares os gastos destinados às autoridades, os clientes e as concessionários.
NA ALEMANHA: as marcas Volkswagen, Audi e Porsche pagaram em 2018 e 2019 respectivamente 1 bilhão, 800 milhões e 535 milhões de euros de multa.
Em setembro, o Ministério Público acusou o atual CEO, Herbert Diess, e o chefe do conselho de vigilância, Hans Dieter Pötsch, por “manipulação das cotações da bolsa”, junto a Winterkorn, que já foi acusado de “fraude agravada”.
O ex-presidente da Audi, Rupert Stadler, também está prestes a ser julgado.
Em setembro, teve início um julgamento com os investidores, que pedem 9 bilhões de euros em compensações e acusam a Volkswagen de ter demorado demais para informar os mercados financeiros da fraude – que em dois devorou mais de 40% do valor das ações.
Ao todo, há cerca de 60 mil denúncias individuais de clientes – das quais uma parte terminou em acordos com a companhia.
EM OUTROS PAÍSES DA EUROPA: O MP de Paris abriu uma investigação por fraude agravada em fevereiro de 2016.
Na Suíça, onde se calcula que há cerca de 175.000 afetados, existe uma denúncia coletiva e existe um registro no MP para se inscrever.
Autoridades italianas de concorrência condenaram a Volkswagen em 2016 a uma multa de 5 milhões de euros por “práticas comerciais incorretas”.
– Consequências econômicas –
Até agora, o escândalo custou ao fabricante 30 bilhões de euros para revisar veículos e enfrentar os processos judiciais.
Em 2016, a Volkswagen sofreu prejuízos anuais pela primeira vez em 20 anos.
Desde então, o grupo voltou a ter lucro recorde, mas recentemente teve que fazer grandes investimentos para a transição para os carros elétricos, que afetam sua rentabilidade.
A Volkswagen lançou um ambicioso plano de eletrificação de mais de 30 bilhões de euros para atender às novas restrições de emissão de CO2 em 2020.
Desde que os escândalos vieram à tona, as vendas de carros a diesel caíram na Europa, e os modelos antigos não poderão circular em muitas cidades da Alemanha.
– Outras fabricantes –
BMW: Reconheceu em 2018 ter equipado “por engano” seus veículos a diesel com um programa similar.
A fabricante, que sempre negou ter cometido fraude, aceitou pagar uma multa de 8,5 milhões de euros no começo de 2019, mas a investigação penal por fraude foi arquivada.
DAIMLER: Aceitou em setembro pagar 870 milhões de euros de multa por ter vendido veículos a diesel que não respeitavam as normas antipoluição, mas nega ter utilizado um software ilegal.
Ainda há investigações criminais, sobretudo por fraude, contra quatro diretores da Daimler, que comercializa a Mercedes Benz.
OPEL: A filial alemã da PSA também está sendo investigada.
FIAT CHRYSLER: Fechou em janeiro um acordo amistoso com as autoridades americanas, que lhe acusam de ter equipado seus veículos com um programa fraudulento.