O empresário carioca Oskar Metsavaht, fundador da grife Osklen, está para o mercado brasileiro da moda assim como Neymar, craque do Santos, está para o futebol atualmente. A analogia não é exagerada. Desde a criação da empresa, em 1989, Metsavaht tem marcado gols de chamar a atenção, dentro e fora do campo dos negócios. O primeiro deles se deu com a própria concepção da marca. O empresário, médico por formação, vislumbrou uma grande oportunidade para ganhar dinheiro na carência de lojas especializadas em roupas e materiais para esportes elitizados (ele próprio é um adepto das modalidades radicais, como o esqui na neve) e decidiu abrir a primeira unidade da Osklen, em Búzios, no Rio de Janeiro. 

 

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Oskar Metsavaht: “O negócio consolida nossa crença no potencial de formar

o maior grupo brasileiro de marcas globais”

 

O segundo grande lance, que deu projeção internacional à marca, foi a vinculação da Osklen à bandeira da sustentabilidade. Vista como uma etiqueta admirada por quem luta por causas sociais e ambientais, a grife agregou valor às suas peças e passou a disputar mercado com gigantes como Marc Jacobs, Michael Kors, Donna Karan e Ralph Lauren. Hoje, a Osklen mantém 71 lojas, das quais 63 no Brasil. O terceiro golaço de Metsavaht – talvez o maior de todos – foi marcado na última quarta-feira 10. Após quase dois anos de negociações, ele acertou a venda de 30% do capital da Osklen para a Alpargatas, a maior empresa de vestuário e calçados do País, por R$ 67,5 milhões, além de uma outra parcela que será calculada de acordo com os resultados da Osklen. 

 

A Alpargatas, dona de um faturamento de R$ 2,7 bilhões no ano passado, controlada pelo grupo paulista Camargo Corrêa, limitou-se a informar que o valor da aquisição será equivalente ao resultado do percentual adquirido (30%) multiplicado por 13 vezes o Ebitda efetivo da grife nos 12 meses seguintes ao fechamento do negócio, descontada sua dívida líquida. Essa complexa equação significa que a Alpargatas – dona das marcas Havaianas, Dupé, Topper, Rainha, Mizuno e Timberland – tem ainda o direito de adquirir outra fatia de 30%, dentro de 60 dias, em uma transação que pode chegar a R$ 225 milhões, a maior já feita no mercado fashion. “Fico feliz que o negócio tenha sido fechado com um grupo brasileiro, já que tivemos a oportunidade de fazer parte de outros grupos do mercado de luxo”, disse Metsavaht, referindo-se às negociações que vinha mantendo com o grupo francês LVMH, o maior conglomerado de marcas de luxo do mundo. 

 

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Márcio Utsch: ”Vamos consolidar a imagem da Osklen e ampliar

sua marca em todo o mundo”

 

“O negócio consolida nossa crença no potencial de formar o maior grupo brasileiro de marcas globais.” A operação parece ser tão boa para a Alpargatas quanto é para a Osklen. Ao se tornar sócia da grife, a Alpargatas vai utilizar sua experiência de sucesso com a Havaianas para trabalhar a marca Osklen no mercado global. As sandálias que se transformaram em símbolo fashion e despojado da moda brasileira estão em vitrines de 86 países. “A aquisição da Osklen representa a decisão da Alpargatas de entrar no segmento de moda por meio de uma marca premium e, mais importante, com os mesmos valores da nossa companhia”, diz Márcio Utsch, presidente da Alpargatas. “Tenho certeza de que vamos consolidar a imagem da Osklen e ampliar a força de sua marca para todo o mundo.”