11/07/2012 - 21:00
Agora é oficial. Dez entre as dez maiores agências de publicidade do Brasil são controladas por multinacionais. A última de controle brasileiro, a Neogama/BBH, criada pelo publicitário carioca Alexandre Gama, foi vendida para o grupo francês Publicis, na quinta-feira 5. O que mais chamou a atenção do mercado na transação, porém, foi o peso assumido por Gama. Além de continuar à frente da empresa que criou, em 1999, e cujo logotipo é uma ovelha negra, símbolo da controvérsia, ele foi nomeado chefe global de criatividade da britânica Barton Bugle Hegarty (BBH). Sob o seu comando estarão os departamentos de criação dos escritórios de Londres, Nova York, Los Angeles, Cingapura, Xangai e Mumbai.
Isso tudo sem precisar sair do escritório modernoso no bairro de Vila Leopoldina, em São Paulo, onde funciona a sede da Neogama/BBH. Ele substituirá o britânico sir John Hegarty, fundador da BBH, que liderou campanhas marcantes para a Levi’s e bolou o slogan “Keep Walking” para o uísque Johnnie Walker, da Diageo. “Esse movimento ajuda a abrir uma avenida ainda maior para o talento brasileiro no Exterior”, diz Luis Lara, presidente da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap). O convite para Gama encabeçar a criação da BBH partiu do próprio Hegarty. “No ano passado, ele me procurou para dizer que estava pensando em vender sua fatia na BBH e queria que eu fosse seu sucessor”, afirma Gama.
A partir daí, a Neogama começou a fazer parte da negociação que já envolvia a compra da BBH pela Publicis, o que garantiria aos franceses 34% da agência brasileira. Para assumir o controle da Neogama, a Publicis teve de disputá-la com a britânica WPP e com a japonesa Dentsu. Com faturamento próprio de R$ 103 milhões e investimentos de mídia de R$ 667 milhões, em 2011, a Neogama/BBH é avaliada em R$ 200 milhões pelo mercado e ocupa a oitava posição no ranking. Com o negócio, o grupo Publicis, que fatura € 5,8 bilhões por ano, amplia a lista de aquisições feitas no Brasil, como a Talent e a DPZ. No total, os franceses já controlam 15 empresas no País.
