O executivo Aymar Giglio, 46 anos, diretor do Grupo Pão de Açúcar, orgulha-se de dois números conquistados com muito suor ao longo de sua carreira: 42,195 e 3h50. O primeiro é a quantidade de quilômetros que ele teve de correr para completar a maratona de Nova York. O segundo é o tempo que ele levou para cruzar a linha de chegada. Giglio é adepto das corridas, uma mania que tem conquistado cada vez mais pessoas no mundo corporativo. ?Além de ser saudável, serve para integrar os funcionários da empresa?, diz ele. Atualmente, o número de praticantes no Brasil atinge quatro milhões, cresce 30% ao ano e movimenta cerca de US$ 1 bilhão. Só na capital paulista, o número de provas passou de 11, em 2001, para quase 200, até o fim de 2006. Mais: o gasto médio anual, por pessoa, com equipamentos, treinadores e nutricionistas, varia entre R$ 2 mil e R$ 9 mil. De olho nesses indicadores, a Promotrade, organizadora da Adventure Sports Fair, tradicional feira de esportes de aventura, preparou o Running Show, o primeiro evento dedicado aos praticantes do cooper, que acontece de 23 a 27 de agosto, em São Paulo. ?O setor de corrida é quatro vezes maior que o de aventura?, diz Sérgio Bernardi, diretor da Promotrade. ?Além disso, o público da corrida tem necessidades diferentes por ser mais urbano.? Bota urbano nisso.

A corrida tornou-se uma válvula de escape para quem vive nas grandes cidades, principalmente dentro das empresas onde a competição é acirrada. Basta ver que companhias como Casas Bahia, Perdigão, Bauducco, Fleury e outras gigantes até criaram grupos de corridas formados por funcionários. Além de se exercitarem, eles treinam resistência, flexibilidade, autocontrole e foco ? habilidades cruciais no mundo dos negócios. O inverso também é verdadeiro. ?Um profissional disciplinado e determinado no trabalho consegue resultados mais expressivos nas corridas?, diz Viveka Kaitila, 39 anos, diretora de desenvolvimento comercial da GE. Ela fez parte da equipe que venceu a Volta à Ilha, em Florianópolis, uma prova de revezamento com 150 km. Ela também acabou de participar do Ironman, em Nice, a mais longa prova de triatlo do mundo. Nessas provas de longa duração, os corredores usam o que há de mais moderno em equipamentos. ?É a melhor parte?, diverte-se Giglio, do Pão de Açúcar. Ele tem oito pares de tênis, e usa, pelo menos, mais um monitor cardíaco e um aparelho de MP3 durante os treinos.

Na Running Show, grandes marcas como Asics e Mizuno vão exibir várias novidades (leia quadro abaixo). A agência de viagens paulistana Chamonix venderá pacotes de cinco dias para a maratona de Nova York, que custam cerca US$ 3 mil. Para as maratonas de Berlim, em 23 e 24 de setembro, e Chicago, em 22 de outubro, o preço é US$ 2 mil. O diretor de marketing do banco Real, Fábio Pando, 41 anos, é assíduo freqüentador de provas internacionais. ?Já corri em Paris, em Nova York, em Londres e em Berlim?, diz Pando. Apesar de não ser atleta profissional, ele treina de segunda a sábado com acompanhamento técnico. Tudo para fazer bonito nos percursos de 42.195 km, a quilometragem oficial das maratonas. ?Essas corridas são as mais estimulantes?, diz.

Calcula-se que 6% dos brasileiros participem de competições internacionais. Eles formam um grupo que representa o novo perfil do corredor nacional, que tem idade entre 28 e 40 anos, e pertence às classes A e B. ?São pessoas que só iam à academia?, diz Marcos Paulo Reis, treinador especializado em corrida. Dos seus 700 alunos, 60% são altos executivos. ?A seriedade com a qual eles treinam reflete na vida profissional, pois sempre buscam bater metas, planejam estratégias e lidam com cobranças.? Este ano, a corrida deve se consagrar ainda mais no calendário corporativo com a segunda edição da Corporate Run. A prova, com cinco mil participantes de 500 companhias, acontece dia 20 de agosto na USP e receberá R$ 6 milhões em investimentos. ?É mais um evento para integrar os funcionários das empresas?, diz Anuar Tacach, idealizador da prova. A corrida deve ser realizada também no Rio de Janeiro, em 2007, e nos EUA e na França, em 2008. ?Foi um grande sucesso no Brasil e deverá acontecer o mesmo no Exterior?, diz Tacach. ?É um estilo de prova pouco explorada nos outros lugares do mundo.?

O VISIONÁRIO DAS CORRIDAS

A epidemia das corridas teve início 40 anos atrás, com uma campanha contra o sedentarismo lançada pelo médico americano Kenneth Cooper. Antes dele, apenas atletas corriam. Depois dele, correr tornou-se remédio para tudo. Mas o próprio Cooper, cardiologista, admitiu recentemente que correr em excesso traz problemas de saúde. Ele recomenda andar.

CORRIDA TECNOLÓGICA
Os equipamentos de última geração desenvolvidos para a prática do esporte

GPS GARMIN ADGE 305
Exibe velocidade, distância percorrida, elevação, velocidade média e máxima, calorias perdidas e batimentos cardíacos.
Preço: R$ 2 mil

MEIA KAYANO LOW CUT ASICS
Tem reforço em regiões estratégicas para se adaptar ao pé do corredor e evitar a formação de bolhas.

Preço: R$ 60

ASICS BIOMORPHIC COMPRESSION
Tecido que comprime determinados músculos, aumenta a força e a resistência, melhorando o rendimento em percursos de longa distância.

Preço: R$ 250

NIKE AIR MAX 360
Seu sistema revolucionário de amortecimento não utiliza espuma, apenas ar, protegendo ainda mais os músculos, tendões e ligamentos.

Preço: R$ 750

MIZUNO WAVE NIVANA 2
É desenhado para quem tem pronação leve (pisada para dentro) e tem orifícios na sola que diminuem a concentração de calor.

Preço: R$ 500