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Seu nome evoca uma pedra preta. Mas a BlackRock, gestora de investimentos dos Estados Unidos, está mais para uma grande montanha. Com US$ 3,2 trilhões de ativos de terceiros sob gestão, a empresa tornou-se a maior do planeta em dezembro passado, ao completar a aquisição do concorrente britânico Barclays Global Investors (BGI). Nem a China, com reservas internacionais de US$ 2,3 trilhões e um poder econômico capaz de abalar o dólar, tem tantos recursos espalhados pelo mundo. Pois essa Everest de Wall Street quer mais. E está aumentando esforços no Brasil para conquistar o seu, o meu, o nosso dinheiro.

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Fundada em um pequeno escritório em Wall Street em 1998, em apenas dez anos a BlackRock emergiu como uma das grandes potências financeiras globais. Em 2008, na crise do subprime, foi contratada pelo governo americano para ajudar no socorro de ícones do capitalismo americano como o banco de investimentos Bear Stearns, a seguradora AIG e o Citigroup. Com a compra do BGI, seu peso espalhou-se para 24 países, inclusive o Brasil. Aqui, a ordem é crescer muito a partir de 2010. Dentre os países emergentes, o País é o que oferece as melhores chances de negócios para a gestora nos próximos anos. Não apenas pela relativamente modesta participação atual nos fundos da empresa, mas também pelo grande potencial de desenvolvimento do mercado de capitais. ?O Brasil é a nossa maior oportunidade?, afirmou à DINHEIRO na segunda-feira 28 o presidente da BlackRock para a América Latina, o peruano Daniel Gamba. ?Estamos muito otimistas.?

Antes da compra do BGI, a presença da companhia no Brasil limitava-se à compra de ações na Bovespa com recursos enviados de Nova York. Com cerca de US$ 10 bilhões investidos até então, seus representantes já participavam das assembleias de acionistas das maiores companhias do País, como Petrobras e Vale. Depois do negócio, essa carteira passou de US$ 30 bilhões. A diferença é que a BlackRock passou a atuar com uma estrutura local de captação de recursos, herdada da BGI, e virou concorrente de bancos e gestores independentes no País. A equipe de 15 pessoas, em São Paulo, será reforçada para 25 até o final do ano. ?Estamos contratando mais quatro executivos para oferecer serviços aos investidores institucionais?, revela Gamba.

Os recursos de clientes brasileiros somam apenas US$ 1 bilhão, dos quais 22% foram captados pela BGI no último ano após o lançamento de três fundos de índice negociados em bolsa, os chamados ETFs (sigla de exchange traded funds). Esses fundos permitem aplicar numa cesta de ações, como o Ibovespa, cujas cotas são compradas e vendidas na Bovespa. Ainda não chegam a 1% do volume diário da bolsa, mas prometem crescer. ?Os ETFs são muito populares nos Estados Unidos, onde chegam a responder por até 40% do volume da Bolsa de Nova York. No México, essa fatia vai a 30%?, compara o executivo.

A BlackRock pretende lançar novos fundos de índice no Brasil nos próximos meses, sob a marca iShares. Em cinco anos, quer ter pelo menos US$ 25 bilhões de brasileiros em sua carteira, incluindo recursos de gestores profissionais. ?Os fundos de investimento e os de pensão ainda não usam ETFs no Brasil. Nos Estados Unidos, eles são seus maiores adeptos, pois a bolsa oferece muita liquidez aos gestores?, diz Gamba.