23/12/2014 - 6:40
Odia 13 de dezembro é celebrado, há mais de duas décadas, quase como um feriado para os torcedores do São Paulo Futebol Clube. Naquela data, em 1992, o tricolor do Morumbi conquistou, em Tóquio, o primeiro de seus três campeonatos mundiais, em uma partida emocionante contra a poderosa equipe espanhola do Barcelona. A vitória também beneficiou uma marca de artigos esportivos: a Penalty, a única estampada na camisa tricolor. A parceria vitoriosa, que ainda rendeu o bicampeonato no ano seguinte, permaneceu até 1994. A separação durou anos.
Em 2012, a Penalty e o São Paulo rediscutiram a relação e voltaram a trabalhar juntos, mas sem o mesmo glamour do passado. Naquele ano, o grupo paulista Cambuci, dono da marca, controlado pelos irmãos são-paulinos Eduardo e Roberto Estefano, registrou prejuízo de R$ 12,3 milhões. Para piorar, a empresa agora enfrenta um conflito com o maior ídolo da história do clube, o goleiro Rogério Ceni, o que pode provocar a rescisão do contrato de patrocínio estimado em R$ 36 milhões por ano. Para tentar virar o jogo no balanço, a Penalty adotou uma estratégia comum no futebol: trocou de comando e passou a jogar na retranca.
No final de 2013, a empresa contratou como presidente Paulo Ricardo de Oliveira, um ex-meio-campista dos times de base do São Paulo que estava à frente da Drogaria Onofre. “Os irmãos Estefano queriam deixar a paixão pela Penalty de lado e torná-la mais profissionailizada”, afirma o CEO. A mudança deu resultado. Embora a receita líquida tenho caído 9,7% nos nove primeiros meses de 2014, para R$ 212 milhões, o lucro saltou de R$ 1 milhão para R$ 20,3 milhões. Os ganhos do terceiro trimestre deste ano foram os maiores desde 2009. A estratégia de Oliveira foi jogar na defesa, imprimindo um forte ritmo de corte de custos.
Uma das medidas adotadas foi a mudança da sede da empresa do bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, para o município de São Roque, a 60 quilômetros de distância, onde funcionava uma fábrica da companhia. “Essa medida nos fez economizar R$ 1 milhão por ano”, diz o presidente, que faz o trajeto São Paulo-São Roque diariamente. Além disso, as parcerias com os times de futebol do Vitória, Náutico e Vasco foram encerradas. A política de austeridade implementada foi tão funda que chegou a motivar o boato de que alguma das quatro fábricas da companhia seria fechada, algo negado pelo executivo. E o desentendimento com o São Paulo não estava nos planos de Oliveira.
Em uma atrapalhada jogada de marketing, a Penalty anunciou, no mês passado, o lançamento de uma camisa comemorativa em alusão à aposentadoria de Ceni. Mas o anúncio da parada não aconteceu: o goleiro renovou seu contrato com o clube até agosto. O erro está servindo como arma para o São Paulo rescindir o contrato com a Penalty, que se encerra em 2015. O verdadeiro motivo que leva o tricolor a tentar encerrar a parceria, no entanto, é uma oferta de patrocínio de R$ 135 milhões, por cinco anos, feita pela americana Under Armour. Embora o valor seja menor que o da Penalty, a troca seria uma resposta do clube aos supostos atrasos nos pagamentos e às críticas dos torcedores quanto à qualidade do material vendido. Existe, ainda, um outro problema no horizonte.
Na quinta-feira 18, a alemã Puma garantiu que irá à Justiça contra o clube paulista, caso assine com a Under Armour. A marca alega ter um pré-contrato de patrocínio com o time a partir de 2015. “O São Paulo e a Penalty estão saindo menores com toda essa confusão”, afirma o consultor especializado em marketing esportivo Amir Somoggi. “Mas, ainda assim, o clube vai conseguir um novo patrocinador rapidamente.” Oficialmente, as duas partes não admitem os problemas, mas, segundo a DINHEIRO apurou, ambas preferem o fim da parceria. O que impede a separação, no momento, é uma multa estimada em R$ 30 milhões para quem rescindir o acordo. Pelo visto, os bons tempos da parceria ficaram lá pela década de 1990.