A elegante Avenue Kléber, uma das vias adjacentes ao Arco do Triunfo, em Paris, abriga muito mais do que a ousadia arquitetônica da cidade mais charmosa do mundo. Na via, uma das favoritas da cantora Édith Piaf, está localizado um edifício clássico, construído em 1908, que já foi o endereço do badalado Hotel Majestic, que sediou a Liga das Nações, precursora da Organização das Nações Unidas (ONU) – e até serviu como local para assinatura do Tratado de Versalhes, que encerrou a Primeira Guerra Mundial. Antes de se tornar propriedade do governo francês, o edifício, cuja fachada estampa o número 19, foi utilizado como quartel general dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

A rica história do imóvel, que estava fechado nos últimos anos, ganhou um novo capítulo no final de 2014. É lá que a rede hoteleira The Peninsula, baseada em Hong Kong, inaugurou um dos mais luxuosos hotéis de seu portfólio, depois de quatro anos de reforma e restauração. “Demoramos 20 anos para encontrar o local para abrigar o The Peninsula em Paris”, afirmou à DINHEIRO Robert Cheng, vice-presidente da companhia, cujo faturamento atingiu US$ 753 milhões no ano passado. “Não poderia ser em qualquer lugar da cidade, pois ter um ponto privilegiado é primeira exigência da companhia”, disse o executivo, durante uma rápida visita ao Brasil.

O que confere ao The Peninsula o título de uma das redes mais luxuosas do mundo não é apenas a arquitetura ou localização seus edifícios, que são icônicos em cada uma das dez cidades em que a marca está. Os serviços oferecidos aos hóspedes do hotel também reforçam essa fama. Na unidade de Paris, por exemplo, estão disponíveis limusines BMW, Mini Coopers feitos especialmente para a rede, e ainda alguns Rolls-Royce, incluindo um modelo Phantom II, de 1934, o favorito da realeza britânica, totalmente restaurado. Para quem não abre mão da arquitetura e da paisagem, no hotel é possível apreciar um chá da tarde no grandioso hall do edifício ao som de música ao vivo ou mesmo jantar no terraço com vista para a Torre Eiffel.

“Misturamos o tradicional com o contemporâneo e é isso que traz o glamour para toda a rede”, afirma Cheng. Ao todo, são seis restaurantes de cozinhas internacionais. No entanto, toda essa pompa não abre mão da tecnologia de ponta. Os serviços dos 200 apartamentos, com diárias que variam de US$ 1,4 mil a US$ 30 mil, são comandados por tablets. “Para atender os brasileiros, teremos uma versão em português no menu de serviços”, diz Cheng. Há ainda internet de alta velocidade em todos as habitações, televisão de última geração com tecnologia 3D e uma impressora a laser com scanner sempre a disposição dos viajantes executivos.

“Acredito que o The Peninsula mostra que uma companhia asiática pode oferecer serviços de alta qualidade e luxo”, afirma. O local também abriga uma série de obras de arte, funcionando com uma espécie de galeria privativa para os seus visitantes. De acordo com Cheng, o que deve cativar os visitantes brasileiros é o encanto que o hotel proporciona, ao mesclar o antigo com o moderno. “Os hóspedes do Brasil gostam dessa experiência de chegar em um hall como do The Peninsula e ter esse impacto de perder o fôlego”, diz. As unidades da rede mais visitadas por brasileiros, hoje, são as de Nova York e de Los Angeles. Segundo Cheng, o número de clientes do País cresce a dois dígitos por ano. “Acredito que veremos isso também em Paris”.

Outros locais que também passaram a receber mais brasileiros são as unidades chinesas de Xangai, Pequim e Hong Kong. Para transformar o edifício em um hotel de luxo, foi celebrada uma joint venture entre a Katara Hospitality, empresa de hotelaria de Doha, no Catar, e a The Hongkong and Shanghai Hotels, dona da marca The Peninsula, propriedade da família do bilionário judeu, de origem iraquiana, Michael Kadoorie, radicado em Hong Kong. O investimento foi de US$ 539 milhões. Os próximos endereços da rede que traduz o luxo em forma de hotel já estão definidos: Londres e Mianmar, um pequeno e promissor país do Sudeste asiático.