15/09/2010 - 21:00
Para os especialistas do mercado, o preço justo desses papéis em setembro de 2011 será de R$ 35. Assim, quem comprar as ações hoje pode embolsar um ganho de 28% em até 12 meses, mais do que o dobro das aplicações em juros. Os especialistas só advertem que esse caminho não será tranquilo.
Gabrielli: lucros, mas com risco
Mudanças de ideia do governo em relação ao pré-sal, uma eventual crise internacional ou uma queda nos preços do petróleo podem fazer com que esse cenário não se realize. As ações podem não subir ou até cair. Ou seja, investir na companhia presidida por Sérgio Gabrielli é melhor – mas muito mais arriscado – do que aplicar na poupança.
Quem estiver disposto a correr esse risco pode diminuir as possibilidades de prejuízo simplesmente indo devagar. A recomendação dos profissionais de mercado é não comprar as ações da Petrobras de uma só vez, mas fazer o investimento em três parcelas, com intervalos de alguns dias entre as compras. Essa tática simples evita que solavancos, como a queda de 4,3% na quarta-feira 8, façam o investidor perder dinheiro.
Destaque no pregão
Aneel derruba ações de energia
Uma decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) causou uma pane nas ações de empresas elétricas na semana passada. As cotações de Coelce, Eletropaulo e CPFL Energia caíram mais de 5% no pregão da quarta-feira 8. O motivo foi a proposta de reajuste de 7,15% nos preços das distribuidoras de energia para o terceiro ciclo de revisão tarifária, que vai de 2011 a 2014, abaixo da expectativa de 8%. As outras duas revisões tinham sido de 11% e 9,95%. A proposta da Aneel fica em audiência pública até 10 de dezembro. Até a decisão final, as ações do setor devem oscilar muito.
Palavra de analista
Caso a proposta da Aneel seja mantida em 7,15%, as distribuidoras de energia terão suas contas afetadas nos próximos três anos. “A geração de caixa será prejudicada pelas tarifas mais baixas”, diz Rafael Andreata, analista da Planner, em relatório. Ricardo Corrêa, da Ativa, calcula que o preço-alvo dos papéis deverá cair de 8% a 10%. Para o Goldman Sachs, Light e Eletropaulo serão as mais afetadas pelo reajuste das tarifas abaixo do esperado.
Logística
Transnordestina nos trilhos
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) anunciou na quarta-feira 8 que a ferrovia Transnordestina deve começar a operar no fim de 2012. Situada entre Piauí, Paraíba e Pernambuco, a ferrovia terá 1.728 quilômetros de extensão e poderá transportar 30 milhões de toneladas de carga por ano. Espera-se que ela traga autossuficiência logística para a CSN. O investimento previsto é de R$ 4,6 bilhões. A CSN tem 56% do capital da ferrovia. Os outros sócios são o governo e o BNDES.
Educação financeira
Oferta pública de aquisição de ações (OPA) é o movimento, normalmente amigável, no qual um investidor ou uma companhia faz uma oferta de compra das ações de outra empresa em circulação. A OPA serve tanto para as ações dos controladores quanto para os papéis dos acionistas minoritários, e pode ser aceita ou não pela totalidade dos acionistas. Quando os controladores rejeitam a proposta inicial, a insistência é chamada de oferta hostil.
Touro x urso
As expectativas sobre a capitalização da Petrobras dominaram o noticiário e a atenção dos investidores na semana passada. A pressão negativa dos papéis da estatal – que cederam 4,1% entre segunda e quinta-feira – foi compensada por notícias positivas externas, como o número de pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos. Com 451 mil solicitações, o indicador recuou 5,6% em relação à semana anterior. Como resultado, o Ibovespa, principal indicador da bolsa paulista, cedeu 0,27% na semana. Nos próximos dias, os investidores aguardam dados americanos como vendas no varejo (14), produção industrial (15), e índices de inflação (16 e 17). Na Zona do Euro, saem informações sobre o emprego e índices de inflação (15).
Quem vem lá
Mais uma petrolífera na Bolsa
A australiana Karoon Petróleo & Gás vai engrossar a lista das petrolíferas que vão abrir capital no Brasil, de olho nos recursos que vão jorrar junto com o petróleo do pré-sal. A empresa já possui ações listadas na bolsa da Austrália, é dona de cinco blocos exploratórios na Bacia de Santos e também atua no Peru. Segundo o prospecto preliminar publicado na Comissão de Valores Mobiliários, a intenção da companhia é “utilizar e perpetuar a estratégia comprovada da Karoon Gas Australia”. O banco Morgan Stanley é o coordenador líder da oferta.
Fique de olho: além da Karoon Petróleo & Gás, as petrolíferas Repsol Brasil, HRT Participações e Norskan Offshore farão suas emissões na BM&FBovespa.
Maiores altas da semana
Maiores baixas da semana
Desempenho das empresas por setor de atividade econômica
Termômetro do mercado
Bolsa no mundo
As 10 mais negociadas do Ibovespa
Crédito
“Banco de varejo toma tempo”
O banco Sofisa decidiu concentrar sua força no mercado corporativo e vendeu a carteira de empréstimos de varejo para o banco Fibra por R$ 120 milhões no começo do segundo trimestre. “O varejo tomou tempo, agora estamos focados no middle market”, diz Ricardo Simone Pereira, diretor de relações com investidores.
Ricardo Pereira, do Sofisa: foco no middle market
No segundo trimestre, o lucro líquido foi de R$ 27,2 milhões. O aumento de 1.200% em relação ao mesmo período de 2009 mostra que o desempenho do banco no ano passado não foi bom. Talvez por isso o desempenho de suas ações seja pior do que o de outros bancos médios. Até a quinta-feira dia 9, a queda era de 6,5%. Pereira falou com a Dinheiro.
DINHEIRO – Por que sair do varejo?
RICARDO PEREIRA – Varejo requer escala, porque a margem de lucro é pequena. Assim, vendemos nossa operação para o Banco Fibra, que está em outro momento de mercado. Nosso negócio agora é o middle market, no qual vamos investir para melhorar a oferta de produtos. Há cinco milhões de pequenas e médias empresas que podem ser nossos clientes.
DINHEIRO – Como é a carteira de empréstimos?
PEREIRA – Emprestamos R$ 2 bilhões, com um financiamento médio de
R$ 1,5 milhão. Queremos fechar 2010 com crescimento de 15%. A carteira é pulverizada, com um limite de R$ 30 milhões por cliente. Gostamos de emprestar picadinho, mas com garantias reais, e o espaço para crescimento é enorme. Nossa base de clientes tem 700 mil nomes, mas emprestamos só para 1.300.
DINHEIRO – A rentabilidade patrimonial tem sido baixa. Como vocês pretendem elevá-la?
PEREIRA – Nossa rentabilidade patrimonial é de 15%, mas com o crescimento da carteira pretendemos que ela aumente para 40%. Nossa alavancagem é baixa, de apenas quatro vezes, ao passo que a alavancagem da concorrência é de mais de dez vezes.
DINHEIRO – O mercado temia que os bancos pequenos tivessem dificuldade de acesso a capital no segundo semestre. Como está a situação de vocês?
PEREIRA – Sem problemas. Temos um empréstimo de US$ 100 milhões do Banco Mundial. Vamos investir o dinheiro na expansão da carteira e em tecnologia da informação.
DINHEIRO – Este período de eleições é preocupante?
PEREIRA – De jeito nenhum, parece que estamos em uma eleição suíça. O que está acontecendo mostra que o Brasil está melhor, o que favorece os bancos. Esta calma com o nome do próximo presidente ajuda as instituições financeiras a se exporem mais, procurar fontes de recursos com prazos mais longos.
Pelo mundo
SEC mira transações de alta frequência
A Securities and Exchange Commission, a Comissão de Valores Mobiliários americana está investigando as transações com ações nos sistemas de alta frequência. “Estamos estudando algumas práticas para ver se elas violam as regras contra fraudes”, disse a presidente da SEC, Mary Schapiro, na terça-feira 7.
Rio Tinto reduz preço do minério
A mineradora anglo-australiana Rio Tinto pode ter reduzido os preços do minério de ferro para as grandes siderúrgicas japonesas em até 13% para US$ 127 por tonelada no período entre outubro e dezembro, segundo rumores de mercado. A causa seria a demanda chinesa mais fraca. O desconto pode obrigar a Vale e a BHP Billiton a fazer o mesmo.
Vodafone sai da China
A operadora de telefonia móvel inglesa Vodafone anunciou na terça-feira 7 a venda de sua participação de 3,2% na China Mobile, por US$ 6,6 bilhões. A operação faz parte da estratégia da empresa em se concentrar nas operações da Europa, da África e da Índia.