O governo Dilma tentou implodir a Petrobras. Através não apenas da série de escândalos e desvios de caixa. A desastrosa política de preços estabelecida pela mandatária aliada a uma gestão temerária de investimentos – que levou à compra de usinas com sobrepreço, como no caso da americana Pasadena – minaram a saúde da estatal. Aos poucos, no entanto, a empresa está voltando ao prumo, obedecendo a uma regra elementar: a lei de mercado. Há alguns dias, a companhia deu a mais eloquente demonstração de que agora segue pela cartilha da livre iniciativa. Surpreendentemente, baseada nas oscilações internacionais de preço e na de seus próprios custos de produção, ela baixou as tarifas dos combustíveis.

Foi a primeira vez que fez isso desde 2009. Nunca na era Dilma se viu algo parecido. Ao contrário. À época, a então presidente chegou a intervir na política de preços da estatal às vésperas da eleição de 2014 para garantir votos. Congelou o valor, tal qual ocorria nos anos de ditadura militar, para praticar um populismo irresponsável. Sob nova batuta, a Petrobras adotou o modelo que o presidente da companhia, Pedro Parente, define como de alinhamento às cotações internacionais. Essa paridade tem o objetivo de tornar mais previsível a gestão financeira da companhia, tanto internamente como para acionistas, consumidores e participantes em geral da cadeia de seus negócios (das refinarias aos postos).

A virada de comportamento da Petrobras animou ainda mais os mercados e consolidou a impressão de que ela está no caminho certo. Nas bolsas de valores, o preço de suas ações – que já vinha numa escalada vertiginosa – disparou. Desde a mínima do ano passado nos papeis até aqui o preço quadruplicou. Saiu da casa de R$ 4,20 por ação para R$ 17,74, na quinta-feira 20. Nessa toada, o valor de mercado da companhia também subiu consideravelmente, indo de R$ 67,8 bilhões para R$ 240,5 bilhões. Ainda não alcançou patamares do passado, quando chegou a ser cotada por pelo menos três vezes mais que isso. De todo modo, a sinalização é extremamente positiva.

Pela primeira vez em muitos anos, lembram os analistas, a Petrobras assume uma política de preços coerente. E isso tem reflexos não apenas na sua própria saúde como na da economia brasileira em geral. Em resposta quase imediata à guinada, novos candidatos a sócios em suas refinarias foram atraídos. Nesse momento em que ela passa por um processo de enxugamento e ajuste, é fundamental ela se mostrar atraente ao mercado. Transparência, após anos sujeita a manipulações de governantes petistas, está fazendo mais bem à estatal do que qualquer recuperação de parte do dinheiro perdido lá atrás. Os novos tempos deverão garantir a sua sobrevivência.

(Nota publicada na Edição 990 da Revista Dinheiro)