Demorou, mas aconteceu. Depois de oito meses de negociações, a farmacêutica americana Pfizer anunciou a compra de 40% do laboratório brasileiro Teuto por R$ 400 milhões. Apesar de já esperada pelo mercado, a tacada marca a reação da Pfizer, cuja receita soma R$ 3,3 bilhões por aqui, na guerra entre os medicamentos genéricos e os chamados produtos “de marca”. Com a aquisição, a Pfizer não só espera barrar o avanço da concorrência, ao produzir seus próprios genéricos, como também terá a chance de ampliar sua presença no mercado. É que o Teuto, que fatura R$ 300 milhões, tem lugar cativo nas gôndolas de 36 mil farmácias independentes espalhadas principalmente por cidades de porte médio do interior do País. 

 

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Pronta para o combate: Mezei (à dir.), da Pfizer, conta com o Teuto, de Leite, para ganhar o interior do País

 

Hoje, a Pfizer está em pontos de venda situados basicamente nas capitais e nas grandes cidades. A transação também representa uma resposta dos americanos às rivais. No final de 2009, a Pfizer disputou e perdeu para a brasileira Hypermarcas o controle da NeoQuímica. 

 

Agora, para ficar com o Teuto, ela bateu a brasileira Aché e a britânica GlaxoSmithKline. “O Teuto vai aumentar a nossa competitividade, pois nos permitirá chegar a regiões onde não conseguíamos antes’’, diz à DINHEIRO Victor Mezei, presidente da Pfizer Brasil. 

 

Dona de um moderno parque fabril situado em Anápolis (GO), o Teuto possui uma linha de 250 medicamentos. “Com a união devemos crescer a índice bem acima da média do mercado’’, afirma Marcelo Henriques Leite, presidente do Teuto.

 

A reação da Pfizer, contudo, pode ter chegado tarde. A queda da patente de alguns de seus principais medicamentos vem colocando a companhia em uma situação delicada. Os exemplos mais marcantes são o Liptor, usado no tratamento de colesterol, e o Viagra, contra a disfunção erétil. 

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Juntos, eles colaboraram com R$ 570 milhões para os cofres da empresa em 2009. A Pfizer tentou amenizar os estragos por meio de uma parceria com a também brasileira Eurofarma, para dar sobrevida a alguns de seus medicamentos. 

 

Com custos mais baixos, ela produz o Liptor genérico. “Somos um dos maiores mercados de genéricos do mundo. Com os investimentos as indústrias estão ganhando cada vez mais competência para figurar entre as melhores também”, diz Odnir Finotti, presidente da PróGenéricos, associação que reúne as indústrias farmacêuticas do setor. O acordo assinado entre as duas empresas prevê a opção da Pfizer de adquirir o restante das ações da Teuto a partir de 2014.