03/06/2010 - 6:00
Em maio de 2008 o departamento de energia dos Estados Unidos anunciou um prêmio de US$ 10 milhões para quem criasse uma lâmpada com a mesma capacidade de iluminação das incandescentes utilizando 1/6 da energia e que durasse pelo menos 25 mil horas. A única a se inscrever no prêmio foi a Philips.
O colombiano Oscar Peña, diretor de design de iluminação da Philips, é o mentor das inovações com LED
Em setembro de 2009, a gigante holandesa apresentou duas mil unidades de uma lâmpada LED que se parece com a comum e se encaixa no sistema de soquete da maioria das casas. O prêmio em si provavelmente não fará uma diferença significativa no faturamento da Philips ? de ? 23,1 bilhões no ano passado, sendo que mais de ? 6 bilhões vieram da divisão de iluminação ? mas o projeto foi considerado uma das melhores invenções do ano pela revista Time. Tudo isso porque a Philips, ao ver que um de seus principais produtos, a lâmpada incandescente, será irremediavelmente substituída pelo LED, decidiu apostar em pesquisa e produtos do futuro, antes que se torne obsoleta.
Pelas tendências apresentadas na última feira de iluminação de Frankfurt, em abril, o LED veio mesmo para ficar. Ele é a vedete dos projetos de decoração mais descolados do momento ? alguns expostos na Casa Cor, que vai até 13 de julho, no Jockey Club de São Paulo. ?Este tipo de luz, que existe desde a década de 70, teve um boom nos últimos dois anos.
Ainda é caro: uma lâmpada de LED hoje chega a custar mais de R$ 100
Ele é ideal para projetos de iluminação lineares, por exemplo, e pode ficar escondido entre o teto e a parede, em espaços mínimos?, diz Alessandra Friedmann, sócia do grupo DL, dono das empresas especializadas no tema La Lampe e Dominici. Entre as vantagens estão a possibilidade de iluminar sem esquentar os ambientes e de usar cores diversas num mesmo espaço. Além disso, a luz LED dura mais.
E é nesse filão que a Philips espera se desenvolver daqui para a frente. Para se ter uma ideia, no Brasil, a empresa pretende parar de produzir incandescentes até julho deste ano e reabastecer o mercado com incandescentes importadas. O foco de seu investimento é a iluminação LED e suas inúmeras possibilidades de design com lâmpadas e luminárias.
Repaginação: a Philips desenvolveu uma lâmpada que se encaixa nos soquetes comuns
Por trás de tudo isso, está o colombiano Oscar Peña, diretor de criação de design da divisão de iluminação da Philips. ?A iluminação está passando por uma mudança massiva e a Philips quer fazer parte desse futuro?, diz Peña, que vive na Holanda e veio ao Brasil para o evento do setor de varejo Inspiração 2010, ocorrido no começo mês passado.
Design para décadas: batizada de Ledino, a recém-lançada luminária dura até 20 anos
A aposta da Philips no LED é tão grande que ele está presente até na nova linha de televisores de alta definição. O modelo Ambilight terá um sistema de luzes LED no entorno da tela que combinam com as cores da imagem. ?Entendemos que a luz pode ser uma forma de expressão, pode mudar o humor e a atmosfera dos ambientes?, conta Peña.
Assim, nessa mesma linha, os cerca de 350 lançamentos anuais da Philips apontam nessa direção. A luminária batizada de Ledino, por exemplo, lançada na última Expolux, feira do setor realizada em São Paulo, além do design futurista, dura até 20 anos. ?O LED veio para ficar. Nos próximos anos haverá uma invasão de LED, que, além de econômico, permite mais liberdade de composição?, aponta Fabiano Pereira, professor do Istituto Europeo di Design em São Paulo.
Só que, apesar das inovações, os preços finais ainda são uma barreira. Enquanto uma lâmpada de LED da Philips modelo Econic custa R$ 120, uma comum incandescente sai por menos de R$ 5. O setor, porém, cresceu em importância na Philips, que, em 2009, comprou empresas do setor, como a italiana Ilti Luce, uma das líderes europeias em arquitetura com LEDs e a neozelandesa Selecon, especializada em luminárias. Com isso, incorpora expertise que será útil no futuro.