29/11/2016 - 0:00
Durante anos, a fabricante de computadores Positivo foi a estrela do mercado brasileiro de PCs. A companhia de Curitiba, comandada pelo executivo Hélio Rotenberg, liderou esse setor, enfrentando gigantes internacionais, como as americanas Dell e a chinesa Lenovo.
Mas a desaceleração das vendas de computadores colocou o futuro da Positivo em xeque. Como sobreviver num período em que seu principal produto deixa de ser um objeto de desejo dos consumidores?
A resposta está no smartphones. A Positivo está conseguindo fazer uma transição que parecia impensável há dois anos. Nos resultados do terceiro trimestre de 2016, as receitas de telefones celulares atingiram 42,6% do faturamento consolidado da companhia, que foi de R$ 413,2 milhões.
A Positivo atingiu também a quinta posição no mercado de smartphones, atrás de Samsung, Motorola/Lenovo, LG e Apple, com uma participação de mercado de 4,7%, segundo a consultoria IT Data. No mesmo período do ano passado, era de 1,9%%
No terceiro trimestre de 2016, a Positivo vendeu mais smartphones do que todo o ano de 2015. Foram 536 mil aparelhos, alta de 175% ante o mesmo período do ano passado.
Nos nove primeiros meses de 2016, as vendas de smartphones somaram 1,1 milhão de aparelhos, crescimento de 194%. “Queremos ser o rei local do mercado de celulares”, diz Norberto Maraschin Filho, vice-presidente de mobilidade da Positivo.
A avaliação da Positivo é que o mercado de smartphones passa por uma intensa consolidação e que há espaço para que um fabricante brasileiro ganhe espaço, como acontece em diversos locais do planeta, em especial na Ásia.
Para avançar no mercado brasileiro, a companhia reforçou sua estratégia de varejo. Hoje, a Positivo conta 5 mil pontos de venda. Os principais varejistas brasileiros já comercializam o smartphone da empresa brasileira. São nomes de peso como Casas Bahia, Americanas, Magazine Luiza, Ponto Frio e Ricardo Eletro (Máquina de Vendas).
Além disso, a companhia migrou sua fábrica de Curitiba para Manaus, com capacidade de produção de 227 mil aparelhos por mês. São produzidas duas linhas. A Quantum, lançada no ano passado, voltada para os públicos da classe A e B. E a Positivo, com aparelhos destinados aos clientes da classe C.
Com o bom desempenho da área de smartphones, a Positivo conseguiu manter o seu faturamento. Nos nove primeiro meses deste ano, ele foi de R$ 1,3 bilhão, o mesmo patamar de 2016. O lucro foi de R$ 7,7 milhoes, revertendo prejuízo de R$ 26,9 milhões nos três primeiros trimestres de 2015.
Esse resultado foi alcançado com uma queda de todas as outras linhas de produtos. As vendas de tablets foram 76,2% menores nos nove primeiros meses deste ano. Os computadores, que incluem desktops e notebooks, amargaram uma diminuição de 20%.
“A pessoa física não quer mais comprar um computador”, diz Ivair Rodrigues, diretor de pesquisa da IT Data. “Os smartphones se transformaram na grande aposta da Positivo.”
A diversificação da Positivo não deve parar por aí. A companhia planeja também, em 2017, produtos de tecnologia médica.
No ano passado, a companhia adquiriu 50% da curitibana Hi Technologies (HiT), que oferta ferramentas para telemedicina e, atualmente, produz oxímetros, aparelhos para monitoramento de partos, sistemas de laudos de eletrocardiogramas e detectores de apnéia do sono.
Em 2017, estão previstos lançamentos inovadores nessa área, informou a empresa, no anúncio de seu resultado do terceiro trimestre, sem fornecer detalhes.