Acabaram-se os mistérios, as especulações e as brigas judiciais. Na terça-feira 7, a segunda maior empresa de tecnologia do planeta passou a existir formalmente, resultado da fusão entre as gigantes Hewlett Packard (HP) e Compaq. Juntas, formam um colosso de US$ 81,7 bilhões em vendas, mas de nome reduzido: a partir de agora, tudo é apenas HP, ou, como se diz no bucólico QG da companhia em Palo Alto, na Califórnia (EUA), a Nova HP. ?Gastamos mais de um milhão de horas de trabalho para concretizar este negócio. Mas agora estamos prontos?, dizia, aliviada, Carly Fiorina, a presidente mundial da corporação. A afirmação pode ser levada ao pé da letra. A empresa já está com as ações negociadas na bolsa com o símbolo HPQ (o site de vendas eletrônicas é somente o www.hp.com) e já tem encomendas de US$ 5 bilhões para o trimestre.

A conclusão do negócio foi selada por US$ 18,9 bilhões e a estimativa de economia com áreas de sinergia entre as duas empresas é de US$ 2,5 bilhões por ano. Para isso, porém, a Nova HP terá de demitir 15 mil funcionários de um total de 150 mil. ?Não há outra saída. Temos de cumprir as metas?, disse Fiorina. Uma delas já está definida: produtos que interajam com a internet. Os investimentos também estão garantidos. Serão mais de US$ 4 bilhões por ano.

A primeira imagem dos novos rumos da companhia está em um dos mais tradicionais negócios da HP: a área de impressão. No fim do mês passado, executivos da empresa de vários países encontraram-se no México para apresentar as novas máquinas da empresa. O que se viu foi uma espécie de alforria das impressoras, que ganham status dentro do escritório do futuro: elas deixam de ser um apêndice dos computadores, livram-se dos cabos e ganham autonomia para se comunicar com o mundo via internet. ?Vamos transformar a indústria radicalmente?, dizia à DINHEIRO Alberto Arredondo, gerente geral da HP para a América Latina. Alguns destes produtos serão lançados em junho.

Outro aplicativo presente nas novas máquinas da HP é o
Bluetooth, tecnologia que permite a interação sem fio de aparelhos eletrônicos. Com ele, será decretado o fim dos cabos: as impressoras vão captar os sinais por meio de uma rádiofreqüência. ?A HP é mais agressiva do que as concorrentes no desenvolvimento tecnológico?, diz Federico Silva, analista do Gartner Dataquest. Entre as últimas criações da empresa encontram-se a HP Laserjet 4100 MFP e a Laserjet 3300. Estas máquinas contam com um sistema de envio de e-mails. Ou seja, pode-se, por exemplo, colocar a capa de uma revista na impressora que ela digitaliza a imagem e envia o arquivo para qualquer computador ou para outra impressora conectada à rede. Por aqui, a 4100 MFP vai custar por volta de
R$ 5 mil e também terá Bluetooth. ?Em três anos todos os equipamentos terão a tecnologia sem fio?, conclui Renato Barbieri, gerente de impressão da HP do Brasil.