16/04/2003 - 7:00
Acabou. Simbólica e deprimentemente, o regime ditatorial de Saddam Hussein foi posto abaixo na tarde da quarta-feira 9 em uma praça de Bagdá, a capital do Iraque. A última resistência contra a força dos invasores americanos coube a uma imensa estátua de bronze. Durante uma hora e meia, uma pequena multidão ? munida apenas de cordas ? tentou em vão derrubar a imponente figura de seu pedestal. Foi preciso reforço de soldados e um blindado ianque. E ainda assim o Saddam metálico teimou em permanecer de pé, mas apenas por alguns minutos. Então, vergou-se diante da força da máquina de guerra inimiga. Foi derrubado. E depois pisoteado e decapitado por aqueles a quem oprimiu. O poder do líder implacável que lançou seu país à névoa do atraso e isolamento ruía, curiosamente, sob os olhos do mundo, ao vivo, via satélite. O homem que impôs aos iraquianos uma tirania sangrenta sucumbiu, ironicamente, sob o peso de uma decisão arbitrária do líder daquela que prega ser a maior potência democrática do mundo. E George W. Bush, o presidente que se acha deus, pode dizer que fez o certo, ainda que por linhas tortas.