Cor das flores, toxinas animais, antibióticos, petróleo, plástico… a química do carbono, na qual se basearam os trabalhos dos três premiados com o Nobel de Química, é também chamada “química orgânica” porque acreditava-se que estivesse reservada aos organismos vivos.

Graças à química orgânica – química de compostos à base de carbono, que são moléculas biológicas ou retiradas de hidrocarbonetos -, o homem pôde imitar a natureza, produzir medicamentos inspirando-se em moléculas encontradas em organismos vivos ou sintetizar novos materiais plásticos, como o polietileno.

Os átomos de carbono podem se associar para criar longas cadeias ou espécies de anéis, que dão uma forma estável a diversas moléculas.

Para criar moléculas de arquitetura complexa, um metal raro como o paládio pode ter uma boa utilidade para, durante o tempo de uma reação química, “convencer” as moléculas de carbono a se associarem segundo o esquema desejado.

É a utilização deste instrumento sofisticado em um processo de catálise que foi recompensado com o Prêmio Nobel de Química, concedido nesta quarta-feira ao americano Richard Heck e aos químicos japoneses Ei-ichi Negishi e Akira Suzuki.

Quando dois átomos de carbono associam-se a um mesmo átomo de paládio, sua proximidade os leva a se ligarem diretamente entre eles, liberando o átomo de paládio, que poderá contribuir para um novo ciclo de reações químicas.

A formação de ligações carbono-carbono (acoplamento de Suzuki, reação de Heck) é facilitada pela presença do paládio.

O paládio também é utilizado em catalisadores de carros para acelerar a transformação dos produtos tóxicos saídos da combustão do combustível em compostos menos nocivos: gás carbônico (CO2) e água.

Os processos químicos estabelecidos pelos três premiados possuem inúmeras aplicações: criação de etileno, anel de carbono servindo de unidade de base para o polietileno, desenvolvimento de antibióticos, medicamentos contra o câncer.

Foi possível de sintetizar em escala industrial uma molécula para que tivesse propriedades anticancerosas, como o discodermolide, encontrado em pequenas quantidades na esponja marinha Discodermai dissoluta, que vive a 33 metros de profundidade no Mar do Caribe.

Medicamentos contra a asma (Singulair), contra o câncer de cólon (diazonamide A), de mama ou de ovário (Taxol) ou contra bactérias resistentes a outros antibióticos puderam ser produzidos, além de um antiinflamatório (Naproxeno).

Outras aplicações como os diodos eletroluminescentes orgânicos (OLEDs) são utilizadas na indústria eletrônica.

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