Quem visita Londres fora da temporada de verão e não está entre os convidados da rainha Elizabeth II para seus opulentes banquetes anuais não tem a menor chance de visitar o Palácio de Buckingham, o endereço oficial da Família Real britânica. Ou, pelo menos, não tinha… Até agora. A gastança desenfreada por parte da soberana e de seus familiares levou o Comitê de Contas Públicas do Parlamento inglês a sugerir, na terça-feira 28, a abertura da residência oficial à visitação durante o ano todo. Atualmente, fica aberta apenas oito semanas por ano. 

 

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Mão aberta: o casamento de William e Kate e o Jubileu de Diamante deixa­ram

a Casa Real com um rombo de R$ 9,2 milhões

 

Tudo por causa de um relatório divulgado em dezembro do ano passado, revelando que os gastos da chefe da monarquia alcançaram a quantia de 33,3 milhões de libras esterlinas, o equivalente a R$ 133,2 milhões. O montante estourou em R$ 9,2 milhões (2,3 milhões de libras) o orçamento estipulado pelo Sovereign Grant, fundo mantido com dinheiro público para sustentar suas despesas. Não é de hoje que as monarquias europeias geram críticas por seus gastos excessivos e pelo estilo de vida exuberante, que inclui festividades, viagens internacionais e manutenção de palácios. Tolerável nos tempos de bonança, a situação passou a ser praticamente insustentável com o agravamento das dificuldades econômicas que assolam a Europa desde 2008. 

 

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Turismo como aliado: meio milhão de pessoas visitam o Palácio de Buckingham

nas oito semanas por ano em que fica aberto

 

Segundo a deputada trabalhista Margaret Hodge, presidente do Comitê de Contas Públicas da Grã-Bretanha, a Casa Real escapou quase incólume das medidas de austeridade impostas ao setor público pelo governo, que ficaram em torno de 20%. Enquanto isso, a redução de gastos da rainha Elizabeth II e de sua família foi de apenas 5% nos últimos seis anos. A justificativa oficial para o estouro do real orçamento são as festanças protagonizadas nos últimos três anos: o casamento do príncipe William e da duquesa de Cambridge, Kate Middleton, em 2011, e a celebração dos 60 anos de reinado de Elizabeth II. Durante o Jubileu de Diamante, comemorado em junho de 2012, somente um passeio real pelo rio Tâmisa, que contou com uma frota de mil barcos, custou quase 10 milhões libras (R$ 40 milhões).

 

Já os gastos do matrimônio de William e Kate ficaram em torno de 40 milhões de libras (R$ 160 milhões). “O povo se pergunta por que a rainha não consegue diminuir suas despesas, se o déficit público foi reduzido”, diz o consultor Carlos Cabral, especialista em monarquia britânica. No entanto, nem mesmo as críticas do Parlamento e as manifestações de súditos insatisfeitos com as extravagâncias da rainha e de seus parentes parecem abalar a popularidade de Elizabeth II. Tanto é que a aceitação da família real da Grã-Bretanha pelo povo tem hoje o seu melhor índice em 20 anos, com 80% de aprovação dos cidadãos, segundo pesquisa realizada pela publicação Press Association. “Enquanto a Inglaterra for um país rico, o povo vai querer que a rainha mostre toda a sua opulência”, afirma Cabral.