No primeiro trimestre de 2016, a desenvolvedora brasileira de software para empresas Totvs conseguiu uma façanha. Pela primeira vez em sua história, a companhia fundada pelo paulista Laércio Cosentino obteve mais receitas com assinaturas, no modelo de computação em nuvem, do que com a venda de software da forma tradicional, por meio de licenciamento.

Trate-se de um marco. Mas, mesmo assim, as assinaturas ainda representam pouco mais de 10% da receita total da Totvs. Cosentino, no entanto, acredita que isso vai mudar rápido. “Daqui a cinco anos, quase 100% da receita da Totvs vai vir de assinaturas, no modelo de computação em nuvem”, disse o empresário, em entrevista à revista DINHEIRO.

De onde vem a crença de Cosentino de que conseguirá levar a Totvs para a computação em nuvem de forma tão rápida? A resposta: das observações que o empresário faz do mercado em que atua. Segundo ele, as vendas para micro e pequenas empresas já são todas da modalidade de computação em nuvem.

Os médios negócios também já começam a aderir com uma velocidade mais acentuada a computação em nuvem. Só grandes clientes, com algum legado de sistemas de tecnologia, ainda resistem a essa tendência tecnológica. Mas não por muito tempo. “Daqui a três anos, de 80% a 90% das novas vendas serão só em computação em nuvem”, afirma Cosentino.

Para quem não sabe do que se trata, no modelo de computação em nuvem, as empresas não precisam mais pagar pela licença de um software. Eles contam com uma assinatura, cujo preço depende da quantidade de usuários que usam os serviços. Todas as informações ficam armazenadas na nuvem, em um servidor que está distante, localizado em algum lugar do planeta. Acesso à internet é essencial para que o serviço funcione.

Essa não é a única aposta de Cosentino. Ele também planeja um lance ousado para aumentar as receitas internacionais da Totvs, hoje na casa dos 5% do faturamento da empresa, que é superior a R$ 2 bilhões.

Em sua visão, não dá para conquistar o mercado internacional da forma tradicional, abrindo subsidiárias ou criando redes de distribuição. “Veja o Waze. Alguém lê o manual do aplicativo? Claro que não. Ele simplesmente estreou”, afirma Cosentino. Por essa razão, o empresário aposta na criação de aplicativos, capazes de viralizarem. Ou, segundo suas palavras, “estrearem” em mercados internacionais.