16/10/2002 - 7:00
O alemão Bernhard Schuster, atual presidente do Grupo BSH Continental, chegou ao Brasil há um ano e meio atrás com dois desafios. Um pessoal, que era aprender a falar português corretamente, e outro profissional ? triplicar a participação da marca Bosch no mercado nacional de eletrodomésticos de luxo, que movimentou estimados R$ 700 milhões no último ano. O primeiro ele tirou de letra. Apesar do sotaque, Schuster já conta até piada no idioma local. O segundo, no entanto, vai lhe dar um pouco mais de trabalho. ?Mas eu ?chega? lá?, diz ele. A Bosch é dona da décima parte do segmento de fogões, geladeiras, lavadoras, secadoras e lava-louças destinados a consumidores classe A e B ? contra os mais de 70% da concorrente Brastemp. Para ao menos tentar incomodar a líder, a estratégia da Bosch é ampliar a oferta de produtos nas lojas, com preços menores do que os importados. Por isso, Schuster começou a abrir a carteira. Já investiu R$ 20 milhões este ano e deu início à produção de uma nova linha de fogões, refrigeradores e lava-louças chiques. Os produtos começaram a aportar nas lojas no último mês.
O problema é que a BSH parte de um patamar avariado pelo racionamento de energia do ano passado. Por causa dele, a empresa viu as vendas de suas três marcas (Bosch, Continental e Metalfrio) despencarem até 55%.
Nesta semana, chega ao Brasil Kurt-Ludwig Gutberlet, o presidente mundial da companhia. O executivo virá aprovar o orçamento de sua subsidiária para 2003. Tudo indica que ele irá reforçar os investimentos no Brasil, principalmente em novos produtos. No
País desde 1994, quando comprou a Continental Utilidades Domésticas, o grupo BSH é o terceiro maior fabricante mundial de eletrodomésticos, com receitas anuais de US$ 6,2 bilhões. As operações no Brasil, onde estão quatro de suas 49 fábricas, geraram faturamento de US$ 300 milhões em 2001 (30% desse total vem de exportações para América do Sul e África). Isso posiciona a companhia ao lado de Electrolux e GE num distante segundo lugar no concorrido (R$ 2,7 bilhões no ano passado) mercado interno de eletrodomésticos. ?Não queremos ser uma Ferrari do setor. Se tivermos a reputação de um Audi já estará de bom tamanho?, brinca Schuster, que prevê crescimento de 6% para a BSH Continental este ano. Ele é o terceiro presidente do grupo em três anos, o que indica que ganhar terreno nesse segmento é bem mais complicado do que contar a última do papagaio em bom português.