Para o empreendedor brasileiro foi provavelmente a melhor notícia dessa quadra final do ano. O acordo no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) representou mais do que meras promessas operacionais. Trouxe respostas concretas para diminuir a burocracia e o protecionismo predominante nas transações globais. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima em pelo menos US$ 15 bilhões os ganhos diretos que o Brasil pode vir a ter após a validação das medidas, que simplificam entradas e saídas de mercadorias entre países-parceiros. 

 

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Não é algo para já, mas o primeiro passo efetivo está dado. O acordo foi fechado por 159 ministros de todos os continentes. Em versão ampliada, os benefícios alcançam a impressionante cifra de US$ 1 trilhão e devem gerar ao menos 21 milhões de empregos em escala planetária, segundo cálculos oficiais. Mais do que isso, resgatou quase do túmulo de morte o conceito de multilateralismo que seguia até aqui como uma utopia. Em duas décadas de história, foi inegavelmente a maior conquista da OMC. E aconteceu sob a batuta e condução equilibrada do brasileiro Roberto Azevêdo, que há pouco mais de três meses assumiu o cargo de diretor-geral da organização. 

 

A partir do compromisso de Bali, além da transparência nas regras, questões como redução dos subsídios e de barreiras protecionistas no campo agrícola devem avançar. Algo que sistematicamente esbarrava na resistência de países ricos como EUA e Japão. No contexto do acordo, a modernização das relações comerciais é uma premissa, muito embora não se possa esperar boa vontade geral incondicionalmente. O caminho mais efetivo para ampliação de negócios continua sendo o dos acordos bilaterais, que ocorrem cada vez com maior frequência. 

 

A Parceria Transpacífico, por exemplo, que une Japão, EUA e mais dez países, deve criar um bloco quase imbatível. Do mesmo porte que o da Parceria Transatlântica, cujos entendimentos já evoluíram entre a União Europeia e os EUA. Esses dois movimentos devem praticamente controlar, nos próximos anos, o comércio internacional. E o mais grave é que o Brasil não se inclui em nenhum deles. Por ação deliberada e equivocada de seguidos governos, o País tem se apegado nos últimos anos ao famigerado Bloco do Mercosul, que só tem produzido má vontade e prejuízo para exportadores brasileiros. Está mais do que na hora de rever essa prioridade.