05/07/2006 - 7:00
Borbulhas e lucros: em 2005, os produtores da região engarrafaram 310 milhões de unidades ? um faturamento de 1,7 bilhão de euros
Uma boa comemoração pede champanhe. Mas nem sempre foi assim. A história da bebida borbulhante, criada no século XVII pelo monge Dom Pérignon (1638-1716), está enraizada em momentos dramáticos da história francesa. É o que se vê no recém-lançado livro Champanhe (Jorge Zahar Editor ? R$ 34). De autoria do casal americano Don e Petie Kladstrup, os mesmos do best-seller Vinho & Guerra, a obra mostra um lado nada glamouroso da região de Champanhe, um dos símbolos do savoir-vivre francês. ?Em sua essência, o champanhe é muito sério?, disse à DINHEIRO o autor Don Kladstrup. ?Na Primeira Guerra Mundial, os produtores faziam a colheita em meio aos bombardeios.? Nas 223 páginas, o leitor pode degustar os segredos da região e conhecer as catástrofes e devastações que atingiram as videiras ao longo dos séculos. A primeira delas partiu de Átila, o rei dos hunos, por volta do ano 440 d.C., quando destruiu as plantações viníferas e proferiu que elas nunca mais cresceriam.
As videiras renasceriam, sim, e ainda assistiriam outras batalhas. Persistiram às invasões bárbaras, resistiram à Guerra dos Cem Anos e suportaram as guerras napoleônicas. Mas nenhuma foi tão avassaladora quanto a Primeira Guerra Mundial, quando bombardeios destruíram 90% das construções. Mesmo sob ataques, os produtores criaram uma espécie de resistência. Passaram a viver em abrigos subterrâneos nos quais montaram escolas, estabeleceram suas residências e estocaram o vinho. ?É curioso o modo como conseguiram salvar a produção?, diz Petie. O livro também conta uma outra luta: a de Dom Pérignon contra as borbulhas. Ele percebeu que alguns vinhos, depois de engarrafados, fermentavam e produziam gases, fazendo a garrafa estourar. Dom Pérignon, então, usou vasilhames mais fortes e amarrou as rolhas com arame. A partir daí, conseguiu a segunda fermentação que originaria o champanhe. Mal sabia ele que, daquela luta inglória, surgiria uma indústria em torno da bebida. Hoje, a região de Champanhe tem cerca de 20 mil plantações, cinco mil pequenos produtores e 20 grandes casas, como as lendárias Moët & Chandon e Veuve Clicquot. Dali, saem todos os anos 310 milhões de garrafas que proporcionam um faturamento de 1,7 bilhão de euros. ?Tornou-se um dos principais negócios da economia francesa?, diz Don Kladstrup.
Lançamento: edição com 223 páginas mostra a história da região desde o ano 440 d.C.