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A era digital impulsionou a venda de mais de 100 milhões de iPods em todo o mundo e movimentou, só no ano passado, US$ 2,9 bilhões no comércio de músicas digitais na internet – isso, sem contar as músicas baixadas gratuitamente. Com números tão vigorosos, a indústria fonográfica passou a enxergar o bom e velho disco de vinil como peça de museu. Os consumidores, por sua vez, ainda mantêm uma ligação especial com o famoso bolachão, que, ao contrário de todas as previsões, ainda faz barulho. Só no ano passado, mostram dados da Nielsen SoundScan, empresa americana que contabiliza as vendas de discos nos Estados Unidos e Canadá, foram comercializados cerca de 990 mil discos de vinil, um crescimento de 15,4% em relação ao ano anterior. Em Londres, a Virgin Megastore, rede de lojas de música, dispõe de mais de sete mil títulos. A Amazon, loja virtual na internet, vende 150 mil álbuns de mais de 20 gêneros. No Brasil, essa tendência chamou a atenção de grandes redes. “É um diferencial em relação à concorrência”, afirma Fábio Herz, diretor comercial da Livraria Cultura.

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Apesar de o foco da empresa estar concentrado na venda de livros, CDs e DVDs, a rede de seis lojas, dona de um faturamento de R$ 190 milhões, resolveu apostar na tradição do vinil. “Temos mais de 300 títulos disponíveis; nossa meta é dobrar essa variedade em 2008”, revela o executivo. Entre os sucessos de vendas, cujos preços variam de R$ 70 a R$ 1,3 mil, estão lançamentos, coletâneas e edições comemorativas de artistas e bandas como Rolling Stones, Radiohead, Pink Floyd, AC/DC, entre outras. “As tecnologias de hoje não conseguem reproduzir a clareza do som de um vinil”, revela o estudante Danilo Angeloni, de 21 anos, que aprendeu a cultivar o gosto pelo bolachão com o pai, Aparecido. Como a produção de novos títulos foi reduzida nos últimos anos, os aficionados pelo LP também buscam lojas que tenham discos antigos. A loja paulistana Baratos & Afins, por exemplo, possui um acervo de 90 mil títulos. “Já vendemos raridades por R$ 3 mil”, conta Luiz Calanca, dono do negócio. O preço das vitrolas acompanha a inflação dos LPs. Um toca-discos custa de R$ 600 até R$ 160 mil. “A qualidade do som vai depender muito do aparelho”, completa Fernando Andreti, diretor do Clube do Áudio, grupo especializado no segmento de áudio e vídeo. Devido à nova geração de aficionados, a importadora Som Maior, localizada em Curitiba, vende em torno de 30 toca-discos por mês. São modelos como o Debut- Phono-III SB, da empresa austríaca Pro-ject Audio, que custa R$ 1,2 mil. O equipamento possui alta tecnologia. Sua base tem mecanismos antivibração, o braço é de alumínio e a rotação é mudada eletronicamente. A preocupação da indústria em adaptar as novas tecnologias ao universo dos bolachões é a prova de que este ícone cultural está bem longe de tocar a sua última música.

VITROLA MODERNA: o modelo da austríaca Pro-ject Audio possui até mecanismo antivibração