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Ideias verdes: se o mundo não buscar fontes renováveis de energia, o crescimento econômico e o próprio futuro do planeta ficarão comprometidos

NENHUM OUTRO TEMA É tão urgente para o futuro do planeta quanto a questão energética. O desenvolvimento econômico depende essencialmente da quantidade de energia capaz de alimentar fábricas, fazer aviões, navios, trens e automóveis se movimentarem e assegurar o consumo e o lazer das famílias. Mas os novos tempos trouxeram outro fator para essa equação. A partir de agora (e provavelmente para sempre), o crescimento da economia deverá estar vinculado a preocupações ambientais. Se não for assim, o planeta pode entrar em colapso. Segundo a ONU, se a matriz energética atual não for alterada, até 2050 as emissões de dióxido de carbono (CO2) dobrariam e a temperatura global subiria para níveis inaceitáveis. No século 20, a grande pergunta feita por países e empresas era: “Quanto vamos crescer?” Hoje, é diferente. Todos querem saber como conciliar a prosperidade econômica – e o consequente aumento da demanda por energia – com sustentabilidade ambiental.

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Loja movida a vento: o Wal-Mart quer que suas 350 lojas no México sejam abastecidas por energia eólica


Não é um desafio qualquer. Desde 1971, cada 1% de aumento do Produto Interno Bruto (PIB) global foi acompanhado por uma salto de 0,6% no consumo de energia. Projeções da ONU indicam que o PIB mundial vai crescer 3,2% ao ano até 2030. Significa, portanto, que a demanda energética continuará acelerada nos próximos anos, o que é desejável e necessário para a distribuição de riquezas. O problema é outro. O mundo precisa aprender a crescer sem comprometer o seu futuro. “Do ponto de vista tecnológico, já é possível”, afirma Alexandre Szklo, professor de planejamento energético da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Mas é preciso que toda a sociedade esteja envolvida no processo. Isso inclui empresas, governos, cientistas e os próprios consumidores.”

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O maior desafio imposto ao mundo atual é diminuir a dependência de combustíveis fósseis e substitui-los por energia renovável. O gás responsável pelo efeito estufa é o CO2, produzido pela queima de petróleo e carvão. Quanto mais petróleo e carvão o mundo utilizar para o transporte e para geração de eletricidade, mais o planeta corre perigo. Atualmente 80% da oferta mundial de energia vêm de combustíveis fósseis. Apenas 13% são originários de energias renováveis, como biomassa, energia solar ou eólica. Essa participação vem aumentando. Há duas décadas, era inferior a 5%. Estima-se que, até 2030, energias renováveis possam suprir 35% das necessidades mundiais de combustível. Se isso de fato acontecer, as emissões de poluentes cairão pela metade, o que vai representar uma evolução sem precedentes na história industrial.

O mundo entrou na era ambiental

O problema estaria resolvido se não fosse o custo elevado de implantação de projetos de energia renovável. Boa parte das tecnologias alternativas aplicadas atualmente está em fase inicial de desenvolvimento. Por isso, exigem recursos maiores do que os sistemas convencionais. A energia solar requer aportes de US$ 4 mil por quilowatt gerado, contra US$ 2,8 mil de uma usina térmica a carvão. É uma diferença abissal. Quem vai arcar com os investimentos? Se as empresas bancarem integralmente essas despesas, o custo de seus produtos seria proibitivo. Elas deixariam de vender e o desenvolvimento econômico seria afetado. Segundo o Greenpeace, o maior desafio de cientistas e pesquisadores é reduzir em até 60% os investimentos necessários para a produção de energia renovável. Só assim o mundo estaria salvo.

A urgência de mudanças está mexendo com as empresas. Maior consumidor de energia do mundo, o Wal- Mart vai abastecer 350 lojas do México a partir de energia eólica. A empresa quer garantir, no menor tempo possível, que 100% do fornecimento de energia da rede venha de fontes renováveis. O Wal-Mart também criou um programa para reduzir a geração de resíduos em 25% nos próximos dois anos e ampliar as vendas de produtos que seguem critérios ambientais. O valor da fatura? US$ 500 milhões para dar cores verdes ao seu negócio.

 

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