16/10/2002 - 7:00
Uma das mais longas brigas já vistas no Brasil, na área do direito de propriedade industrial, finalmente chegou ao fim. Após 18 anos de embates nos tribunais, a americana Converse Inc. conseguiu recuperar o domínio da marca de calçados esportivos All Star. Até então a grife pertencia à All Star Artigos Esportivos Ltda., fundada pelo empresário brasileiro Berge Kahtalian, que a registrou à revelia dos americanos. ?Agora poderemos colocar no mercado o autêntico All Star?, disse à DINHEIRO Ronald Durchfort, presidente da Alon International, representante oficial da Converse para produzir e comercializar o calçado no Mercosul. E é de seu quartel-general em Miami que o executivo define os novos passos que a marca vai dar na América Latina. A prioridade, garante ele, é o Brasil, país no qual as vendas de tênis rendem cerca de R$ 6 bilhões por ano. Procurados pela reportagem da DINHEIRO, nenhum diretor da All Star ?brasileira? quis comentar a decisão judicial. Na avaliação do advogado Luiz Henrique do Amaral, representante da Converse, a sentença do Tribunal Regional da 2ª Região, sediado no Rio, põe um ponto final na questão. Segundo ele, os eventuais recursos não têm o poder de suspender a decisão.
Fashion. Para o presidente da Alon International, a pendenga jurídica é um caso encerrado. ?Agora é a hora de colocarmos a filosofia Converse e a mística All Star em ação?, garante. Na semana passada, ele assinou contrato para produção local dos tênis. A escolhida foi a Coopershoes (sediada na Serra Gaúcha), que também já atuou para a família Kahtalian. O próximo passo é a nomeação de um fabricante na Argentina. Além disto, Durchfort também quer ampliar o raio de ação do tênis All Star, hoje totalmente vinculado ao segmento esportivo. A linha ?fashion? ? composta por calçados produzidos em couro ? vai ser lançada na próxima edição da Couro Modas. ?A idéia é investir R$ 8 milhões na divulgação da marca?, conta. Com isto ele espera ganhar terreno e, no Brasil, recuperar o espaço perdido para as arqui-rivais Nike, Reebok e Adidas. ?Vamos fechar o primeiro ano de operações com vendas de R$ 115 milhões?, estima o representante da Converse para o Mercosul.
E não é apenas no Brasil que a All Star vive um momento de superação. A empresa está saindo de um longo e penoso processo de reestruturação, iniciado no começo de 2001. Vergada pelo peso de uma dívida de US$ 226 milhões (12% maior que seu patrimônio), não restou ao então todo-pode-roso Glenn Rupp, outra opção além de pedir concordata. O magnata americano William Simon, contudo, decidiu apostar no carisma da companhia, fundada em 1908, e que por décadas foi sinônimo de calçados esportivos, principalmente no segmento de basquete. Simon e seus executivos garantem que o jogo está longe de acabar.