Com o compromisso de garantir vida digna, sem fome, acesso a emprego, saúde e educação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse neste domingo (1), em Brasília. Segundo ele, os direitos e interesses da população, o fortalecimento da democracia e a retomada da soberania nacional serão os pilares de seu governo. “A roda da economia vai voltar a girar e o consumo popular terá papel central neste processo”, disse Lula.

Para o presidente, é possível governar o Brasil com ampla participação social, incluindo os trabalhadores e os mais pobres no orçamento e nas decisões de governo.“Este compromisso começa pela garantia de um Programa Bolsa Família renovado, mais forte e mais justo, para atender a quem mais necessita. Nossas primeiras ações visam a resgatar da fome 33 milhões de pessoas e resgatar da pobreza mais de 100 milhões de brasileiras e brasileiros, que suportaram a mais dura carga do projeto de destruição nacional que hoje se encerra”, disse o presidente.

Desigualdade

Lula relembrou seu compromisso de vinte anos atrás, quando foi eleito presidente pela primeira vez, de consolidar os preceitos constitucionais. “Disse, naquela ocasião, que a missão de minha vida estaria cumprida quando cada brasileiro e brasileira pudesse fazer três refeições por dia. Ter de repetir este compromisso no dia de hoje – diante do avanço da miséria e do regresso da fome, que havíamos superado – é o mais grave sintoma da devastação que se impôs ao país nos anos recentes”, disse Lula.

Para o presidente, “é inadmissível que os 5% mais ricos deste país detenham a mesma fatia de renda que os demais 95% e que seis bilionários brasileiros tenham uma riqueza equivalente ao patrimônio dos 100 milhões mais pobres do país. Que um trabalhador ou trabalhadora que ganha um salário-mínimo mensal leve 19 anos para receber o equivalente ao que um super rico recebe em um único mês”.

Lula destacou que a democracia foi a grande vitoriosa da eleição, “superando a maior mobilização de recursos públicos e privados que já se viu”, se referindo ao governo anterior, de Jair Bolsonaro. De acordo com o ele, o diagnóstico recebido do Gabinete de Transição de Governo é “estarrecedor”.

“Esvaziaram os recursos da Saúde. Desmontaram a Educação, a Cultura, Ciência e Tecnologia. Destruíram a proteção ao Meio Ambiente. Não deixaram recursos para a merenda escolar, a vacinação, a segurança pública, a proteção às florestas, a assistência social”, disse.

Segundo Lula, desorganizaram a governança da economia, dos financiamentos públicos, do apoio às empresas, aos empreendedores e ao comércio externo. As estatais e os bancos públicos foram arruinados e os recursos foram saqueados para saciar acionistas privados das empresas públicas.

“Nunca os recursos do estado foram tão desvirtuados em proveito de um projeto autoritário de poder. Nunca a máquina pública foi tão desencaminhada dos controles republicanos. Nunca os eleitores foram tão constrangidos pelo poder econômico e por mentiras disseminadas em escala industrial”, afirmou o presidente em seu discurso de posse no Congresso Nacional.

Líderes internacionais cumprimentam Lula por posse

Obras

O presidente disse que em diálogo com os 27 governadores serão definidas prioridades para retomar mais de 14 mil obras paralisadas. “Vamos retomar o Minha Casa, Minha Vida e estruturar um novo PAC para gerar empregos na velocidade que o Brasil requer. Buscaremos financiamento e cooperação – nacional e internacional – para o investimento, para dinamizar e expandir o mercado interno de consumo, desenvolver o comércio, exportações, serviços, agricultura e a indústria”, disse Lula.

Segundo ele, os bancos públicos, especialmente o BNDES, e as empresas indutoras do crescimento e inovação, como a Petrobras, terão papel fundamental neste novo ciclo. “Ao mesmo tempo, vamos impulsionar as pequenas e médias empresas, potencialmente as maiores geradoras de emprego e renda, o empreendedorismo, o cooperativismo e a economia criativa”, disse.

Desmatamento

Lula destacou a capacidade do Brasil de se tornar uma grande potência ambiental a partir da criatividade da bioeconomia e dos empreendimentos da socio-biodiversidade. Ele disse que será iniciada a transição energética e ecológica para agropecuária e mineração sustentáveis, agricultura familiar mais forte e indústria mais verde.

“Nossa meta é alcançar desmatamento zero na Amazônia e emissão zero de gases do efeito estufa na matriz elétrica, além de estimular o reaproveitamento de pastagens degradadas. O Brasil não precisa desmatar para manter e ampliar sua estratégica fronteira agrícola”, afirmou.