27/05/2009 - 7:00
“As pessoas devolveram as casas e voltaram para o aluguel” Hermínio Bonoldi, corretor que vende imóveis na Flórida
Quando a bolha imobiliária dos Estados Unidos estourou, em meados de 2007, muitos investidores enxergaram novas oportunidades para ganhar dinheiro. Casas de US$ 250 mil chegaram a cair para US$ 60 mil e tornaram- se opção de investimento até mesmo para brasileiros interessados no mercado de real estate. Hoje, há sinais de melhora. O número de residências à venda diminuiu 7% em março deste ano, em relação ao mesmo período de 2008. Se você acha que ainda é tempo de aproveitar o final da onda para adquirir seu imóvel, atenção ao que deve ser feito para a boa gestão de seu patrimônio lá fora. Nem sempre um bom preço é sinônimo de um bom negócio.
Comprar casas ou imóveis comerciais nos Estados Unidos é interessante para dois tipos de investidores. Os que querem colher os louros de um bom aluguel e os que compram para o lazer e desejam esperar o mercado se erguer, para depois revender o bem, contando com uma supervalorização nos próximos anos. Em ambos os casos, é preciso ter atenção. “É preciso somar os prós, os contras e os gastos e ver se a conta fecha”, diz o empresário José Luiz Aliperti, que possui seis casas na Flórida, todas como investimento. A primeira dica para quem deseja desbravar os condomínios americanos é procurar um administrador de confiança no local. “Se a pessoa não vai o ano todo para o Exterior, é preciso ter alguém lá. Facilita muito a gestão do patrimônio”, diz Aliperti.
Detalhes como pagamento de contas de condomínio, luz, gás, água, tevê a cabo, internet, entre outros, não podem ser desconsiderados. Um administrador cobra, em média, US$ 200 ao mês para tomar conta de tudo, desde o tamanho da grama do jardim até problemas com locatários. Abrir uma conta no Exterior para gerir as despesas e lucros não é essencial, mas ajuda. “Facilita muito o pagamento das contas e o processo de abertura de contas aqui é muito simples”, garante Rodrigo Cunha, da empresa casasnadisney.com, que administra imóveis na região de Orlando. O empresário Salmeron Cardoso, que possui imóveis nos estados de Tennessee, Ohio, Massachusetts e na Flórida, adverte para o cuidado com imobiliárias norteamericanas. “Eles trabalham de uma forma diferente. São mais frios e mais fechados. Com o administrador brasileiro, a gente se entende melhor”, diz. Sua expectativa é ganhar de 30% a 50% em valorização nos próximos três anos. “Os americanos estão vendo o mercado imobiliário cair e não possuem dinheiro para comprar. Os que possuem, estão com medo”, diz.
Para os investidores que desejam ganhar com a locação, há dois tipos de aluguel: o fracionado e o de primeira residência. A primeira opção é típica para a Flórida, onde as casas são alugadas por temporada aos turistas. José Luiz Aliperti, que comprou algumas de suas casas com financiamento bancário nos EUA, paga as parcelas do crédito com o aluguel que recebe. E contratou terceiros para fazer a manutenção. “É preciso ter todo um cuidado com o imóvel, senão ninguém aluga”, diz Aliperti.
Quem busca moradia fixa encontra um mercado bem mais aquecido. Segundo Hermínio Bonoldi, sócio da Noxx Imobiliária, a demanda por aluguel nos Estados Unidos não para de crescer. “Como as prestações das hipotecas ficaram muito caras, as pessoas devolveram as casas e voltaram para o aluguel”, diz Bonoldi, que está prestes a abrir uma filial da Noxx na Flórida. Segundo o empresário, um imóvel de US$ 60 mil rende um aluguel mensal de US$ 1.200. Atenção para a parte tributária. Nos Estados Unidos, paga-se um imposto anual, que varia de 1,5% a 3% do valor do imóvel. Pode ser dividido em até 12 vezes. Há também Imposto de Renda na venda. No Brasil, o proprietário só leva a mordida do Leão se trouxer o dinheiro da venda ou do aluguel para cá. A taxa varia de 15% a 20%.