Se a semana passada terminou bem para o presidente Jair Bolsonaro, com pesquisas apontando redução na diferença de intenção de votos que o separa do ex-presidente Lula, esta termina com a sensação oposta. Houve constrangimento com o ministro do STF Alexandre de Moraes, aumento da rejeição ao seu governo e até briga com youtuber e jornalista.

O mal-estar teve início durante o discurso de Alexandre de Moraes ao ser empossado presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Claramente direcionada a condenar os posicionamentos antidemocráticos de Bolsonaro, em especial os que questionam a lisura do processo eleitoral brasileiro, a fala de Moraes atingiu em cheio o ego do Messias. Ele se calou na cerimônia, mas depois culpou os aliados que têm cuidado de sua campanha, como o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, por ter caído no que definiu como “armadilha”.

Na avaliação do presidente, ter sido convidado para o evento de posse sem saber que lá estariam Lula e Dilma Rousseff foi uma estratégia de Moraes para constrangê-lo em público.

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E aí vieram as mais recentes pesquisas de intenção de voto. Elas também não agradaram o presidente, em especial os recortes que envolvem a população mais pobre, principal beneficiada das atuais políticas de distribuição de renda. Segundo pesquisa do Ipec, antigo Ibope, 60% dos eleitores que ganham até um salário mínimo optam pelo candidato petista. Na análise dos pesquisadores, isso significa que mesmo com o Auxílio Emergencial, ainda há resistência deste eleitorado em se identificar com o atual presidente.

Na quinta-feira (18), Bolsonaro se envolveu em duas discussões. A primeira, logo pela manhã. Ele conversava com apoiadores quando um homem, portando um celular, começou a questioná-lo. Em vídeo que viralizou nas redes sociais, o youtuber Wilker Leão chama o presidente de tchuthuca do Centrão, em alusão à relação próxima entre Bolsonaro e sua base de apoio no Congresso Nacional. A fala bastou para que o presidente se aproximasse do youtuber de forma truculenta, pegando na gola e nos braços do rapaz.

Mais tarde, em São Paulo, Bolsonaro falava com jornalistas quando foi questionado sobre o grupo de WhatsApp de empresários que o apoiavam. O tema foi noticiado pelo Metrópoles e envolve a divulgação de conversas entre empresários em tom pouco democrático. Alguns deles chegaram a falar que preferem uma ruptura democrática à volta do PT. Confrontado sobre o tema, Bolsonaro levantou o tom e questionou o jornalista sobre a pergunta em si. Nesse momento, foi contido por integrantes de sua equipe.

A primeira semana de campanha oficial à reeleição é aquela em que quase tudo deu errado para Bolsonaro.