Ela foi eleita, em 2006, uma das 25 pessoas mais influentes do mundo da moda pela revista americana Time. Seus conselhos criam estilo e influenciam a rotina das grifes mais luxuosas de Paris, Nova York e Milão, como a americana Estée Lauder, as italianas Gucci e Bottega Veneta e a francesa Hermès. Essa personagem é a holandesa Li Edelkoort, 62 anos, uma mulher elegante que chama a atenção por onde passa com seu jeito futurista de se vestir, traços fortes e voz serena. Embora tenha endereços fixos no Marrocos e na Normandia, interior da França, a senhora das tendências, como é conhecida no mundo fashion, pouco fica em casa. Viaja o mundo para identificar o que as pessoas vestirão nos próximos anos. 

 

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Li Edelkoort: ”Ou a gente se volta para o que é regional

ou nos sentiremos perdidos”.

 

Há duas semanas, Li esteve em São Paulo e se encantou pelo País. Por quê? “O mundo precisa de exemplos como o Brasil”, disse a consultora à DINHEIRO, com seu inglês carregado de sotaque. “As grifes, sejam brasileiras, sejam estrangeiras, não devem perder sua essência regional, algo muito forte aqui.” Essa busca pela preservação do regionalismo vai na contramão da estratégia de dezenas de grifes famosas, que eventualmente podem abrir mão das características de seu mercado de origem. É o caso da italiana Armani. A marca tem adaptado seus produtos aos gostos dos consumidores nos países em que atua. “Quem compra um produto com a etiqueta da Chanel, por exemplo, quer comprar um pedacinho de Paris”, afirmou. 

 

Duas vezes por ano, a conceituada caçadora de tendências lança, por meio de sua consultoria Trend Union, um livro que dita as previsões para as próximas temporadas da moda, beleza, arquitetura e design. A publicação é considerada uma bíblia para os criadores de marcas renomadas. “A Li faz as pessoas pensarem fora da caixa”, costuma dizer o americano Murray Moss, empresário do mundo do design. Sobre o futuro do luxo no mundo, Li garante que suas chances estão na adoção do modelo de negócio da italiana Bottega Veneta e da francesa Hermès. “Elas são as melhores marcas porque entregam, além do perfil regional, qualidade com discrição”, diz. “É isso que as pessoas endinheiradas vão procurar cada vez mais. Ou a gente se volta para o que é regional ou nos sentiremos perdidos em um vasto mundo”, afirma Li.