05/10/2011 - 21:00
Cenário de crise global, aumento de impostos (como o IPI) e do dólar. As empresas brasileiras tomaram um solavanco nos últimos dias que estava fora dos planos. E de uma vez só. A soma de fatores negativos muda as condições de mercado. A alta do dólar, em especial, cria uma situação na qual grandes exportadores estão tendo agora de correr atrás de proteção cambial a um preço caro. Pelo menos dez deles amargaram, juntos, uma conta da ordem de R$ 2 bilhões em prejuízos nos seus balanços durante o mês de setembro. Entre as empresas de capital aberto, 15 registraram um aumento da dívida bruta de R$ 32 bilhões de junho para cá. No total das 242 companhias de capital aberto, a conta também é salgada.
Afinal, pela natureza de suas operações, são elas as que mais possuem acesso fácil a empréstimos em moeda estrangeira. E exerceram essa vantagem. No atual quadro, virou necessidade a revisão das medidas monetárias estabelecidas pelo governo recentemente para barrar a valorização do real. A sobretaxa de IOF e dos contratos no mercado futuro precisa acabar. O momento requer estímulos e não inibidores à retomada do poder de compra do real. Do contrário, o risco de paralisia das atividades e de um endividamento insustentável do parque nacional seguirá seu curso perigoso. Sem contar o impacto sobre a inflação.
De uns tempos para cá, em vários setores, empresas passaram a trazer insumos baratos do Exterior e assim alavancaram seus negócios. Mudar essa rota de funcionamento exige tempo. E também investimento. Algo que poucas estão dispostas a fazer ou têm condições no momento. O que tem acontecido atualmente é justamente o contrário. Multinacionais instaladas no Brasil, principalmente bancos e montadoras – essas últimas beneficiadas pelas medidas protecionistas do governo –, aceleraram a remessa de lucros para suas matrizes. Alegam que as corporações estão necessitando de mais dinheiro lá fora para fazer frente à retração das vendas, que manchou seus balanços de vermelho. Para jogarem a favor do País, o ministro Mantega e sua equipe devem trocar de tática, invertendo a mão das intervenções monetárias.