12/12/2007 - 8:00
Quando se pensa em Sotheby?s, dois objetos vêm à mente: um martelo, que é batido a cada compra milionária feita em seus leilões, e um quadro. Seja ele Picasso, Francis Bacon ou Renoir, todos já passaram pelas suntuosas salas de leilão da tradicional companhia inglesa. Mas nem só de arte vive a Sotheby?s. Um dos braços mais crescentes e lucrativos dessa empresa de mais de 200 anos é o de investimento imobiliário. O Sotheby?s International Realty, responsável pela comercialização de imóveis
193,8 bilhões em 2006. Um ano atrás, quando desembarcou no Brasil, o escritório da Sotheby?s começou pequeno, com negócios de R$ 20 milhões. Hoje, a cifra chega a R$ 10 bilhões. É o valor dos imóveis residenciais, áreas para incorporação e resorts em sua carteira, como a Morada da Península, empreendimento de R$ 1,5 bilhão em Pernambuco. Mostra que, para a Sotheby?s, o Brasil é a bola da vez. ?Não só a bola, mas o campo inteiro?, celebra Fábio Rossi, sócio-diretor da filial brasileira.
?Muitos proprietários não têm idéia de quanto podem ganhar?
CELSO PARISI, DIRETOR
A empresa acaba de criar uma área nova. Até recentemente, a Sotheby?s focava na venda de imóveis residenciais de luxo para compradores estrangeiros, sobretudo no Nordeste e outros destinos turísticos . Agora, além de vender, irá oferecer consultoria e gestão de patrimônio imobiliário. Não apenas para pessoas físicas, mas também para incorporadoras, indústrias e fundos. ?Trabalharemos com prospecção de negócios e investimentos em resorts, galpões, edifícios comerciais e áreas para incorporação?, explica Celso Parisi, diretor de Investment Management da empresa. Entre os serviços oferecidos aos clientes que querem ter a grife Sotheby?s em seus negócios está a regularização jurídica dos imóveis. ?Encontrar hoje um patrimônio de imóveis com a parte jurídica em ordem é um achado?, conta Parisi. Outra oportunidade é mostrar a rentabilidade que o mercado imobiliário pode proporcionar. Uma boa análise da propriedade e da região onde está localizada é fundamental para isso. O próximo passo é saber como fazer essa gestão imobiliária. É aí que a Sotheby?s quer ganhar dinheiro. ?Muitos proprietários não têm idéia de quanto podem ganhar e precisam de muita consultoria para entender isso?, aposta Parisi.
Nas contas da Sotheby?s, 30% dos ativos no Brasil estão no mercado financeiro. O restante, 70%, é imobilizado. Os investidores estrangeiros, que hoje mandam dólares ao Brasil para aplicar nas empresas que estão abrindo capital na bolsa, já começaram a buscar oportunidades no setor imobiliário, o que deverá causar um crescimento sem precedentes nesse mercado nos próximos dois anos. ?A bolsa é um grande negócio, mas os investidores nunca têm todos os seus negócios na bolsa?, diz Parisi. ?Nosso papel é justamente fazer uma ponte entre o mercado financeiro e o imobiliário.? Ele está de olho em clientes com R$ 1,5 milhão a R$ 2 milhões em investimentos imobiliários e que queiram surfar a onda do crescimento desse mercado no ano que vem.
?O Brasil não é somente a bola da vez. É o campo inteiro?
diz Rossi (acima), da Sotheby?s International Realty
O ano de 2008 deverá marcar a promoção do Brasil a nível de investimento pelas agências internacionais de classificação de risco, como a Standard & Poor?s. Quando isso acontecer, fundos de pensão americanos poderão aplicar parte dos seus trilhões de dólares por aqui. Grandes investimentos que serão realizados nos próximos anos para preparar o País para a Copa do Mundo de Futebol em 2014 aumentarão os holofotes externos. ?O Brasil começa o próximo ano com uma posição extremamente atrativa em todos os setores?, afirma Fábio Rossi. Com tal otimismo, a empresa pretende crescer 30% a 40% ao ano até 2014.
Em busca dessas receitas, a Sotheby?s está de olho nos IPOs, as ofertas iniciais de ações. Atualmente, presta consultoria na elaboração do prospecto de duas empresas do setor imobiliário que pretendem abrir capital. Parisi não revela os nomes. Mas garante que a guinada da gigante das vendas de luxo para o mercado financeiro veio para ficar. ?Temos que aproveitar todas as oportunidades que o Brasil oferece. Não podemos ficar parados vendo tudo isso passar?, diz.