Em 2000, ele tentou trazer sua marca para o Brasil. Não deu certo. Foi embora no ano seguinte, para retornar em 2002, em sua segunda tentativa. Também falhou. Muitos executivos aceitariam a derrota, retornariam para casa e esperariam algum tempo para encarar novamente o desafio. Mas Guillermo Perez, vice-presidente da Hush Puppies Internacional, já avisou: não vai descansar enquanto não colocar o Brasil no mapa da empresa. Ele está de volta. Agora, Perez busca no País investidores interessados em abrir lojas conceito, que sirvam de vitrine para a marca de sapatos, conhecida pelo cachorrinho que sirvam de outdoor para nossa marca?, explica.

A Hush Puppies pertence ao grupo Wolverine, dono de outras grifes como Bates (sapatos e uniformes para militares e policiais), Harley-Davidson Footwear, Sebago (sapatos para velejadores) e Cat. De peculiar, a marca do cachorrinho tem o fato de ser a única com produtos para toda a família (homens, mulheres e crianças) e de licenciar sua marca para 125 países. O faturamento da Hush Puppies em 2005 foi de US$ 163 milhões, ou 15% das vendas totais do grupo Wolverine, que atingiram, pela primeira vez, a marca de US$ 1 bilhão. Há quatro anos, quando o atual presidente do grupo, Blake Krueger, assumiu o posto, ele desenhou um plano de negócios que tinha um objetivo fundamental: consolidar a marca nos quatro países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China). ?Era inconcebível a idéia de vendermos 1 milhão de pares por ano no Chile e nenhum par no Brasil, que é um mercado muito mais promissor?, diz Perez.

O teimoso executivo aponta como principal erro para as investidas anteriores o fato de a Hush Puppies ter se associado somente a fábricas brasileiras de sapato. ?Precisamos de construtores de marca, não só de fabricantes?, argumenta. Isso não quer dizer que os sapatos não possam vir a ser produzidos por aqui. A cadeia produtiva só será definida quando os parceiros locais forem escolhidos. Mas, nos outros países, funciona assim: os sapatos ?globais?, que servem para qualquer mercado, são importados; os outros modelos são fabricados no próprio país. ?O mais importante para nós, agora, é encontrar investidores que queiram reconstruir a marca Hush Puppies no Brasil. A estratégia de marketing, de produção e os investimentos necessários serão definidos a partir disso?, afirma Perez. Uma coisa já está certa: as lojas conceito da Hush Puppies deverão ser, inicialmente, em São Paulo e no Rio de Janeiro. E, na capital paulista, a rua Oscar Freire e o Shopping Iguatemi são prioridade na escolha.

O grande desafio nessa terceira tentativa da Hush Puppies é mudar o conceito que os consumidores têm da marca. Os poucos que se lembram dos sapatos americanos pensam nele como um produto para a terceira idade, o ?sapato do vovô?. Desde 1994, quando estilistas passaram a usá-los para compor o visual retrô que entrou em vigor no mundo da moda, a marca passou por um rejuvenescimento, transformando sua linha em produtos mais modernos e atraentes. ?Ninguém quer comprar algo que deixe a pessoa mais velha. Todos querem se sentir jovens. A Hush Puppies consegue isso, tendo como principal qualidade o conforto e a casualidade?, defende Perez. Se, mesmo com todos os esforços de marketing e com a nova estratégia das lojas conceito, Perez falhar novamente, ele já avisa: ?eu não vou desistir. Volto ao Brasil quantas vezes forem necessárias?.

O IMPÉRIO PUPPIES

US$ 163 milhões
Faturamento em 2005
125 países
licenciam a marca
850 pontos
de venda no mundo
18 milhões
de pares vendidos por ano