11/04/2014 - 21:00
Água e luz, dois dos insumos fundamentais do País, estão em via de uma crise sem precedentes. O racionamento do primeiro já é uma realidade inevitável no motor da economia brasileira, São Paulo, a despeito das inconsequentes negativas oficiais. O governo paulista, como a tentar tapar a luz com a peneira, demorou mais que o razoável para emitir um comunicado a respeito. O rodízio de água só foi admitido pela primeira vez na semana passada e deve desembocar por aqui como medida emergencial às vésperas da Copa do Mundo. Sem planejamento ou reserva suficiente para uma política de distribuição adequada, dá para se imaginar o tamanho da encrenca que vem pela frente, com milhões de reais em prejuízos na produção e caos de atendimento no campo social.
O esquema a ser montado corre o risco de naufragar na nascente pelo seu caráter de improviso. Os ventos também não são nada favoráveis no plano da energia. O rombo do setor já ultrapassou a casa dos R$ 20 bilhões. É buraco a ser coberto diretamente pelos consumidores. A presidenta Dilma negocia nos bastidores com distribuidoras para empurrar a conta até o próximo ano, quando as eleições estarão definidas. O fator político tem pesado bastante, como fiel da balança nesses casos. O que é lamentável! Ninguém quer assumir o ônus de medidas impopulares com a proximidade da corrida às urnas.
Montaram, pela imprudência administrativa, a tempestade perfeita. E com ela uma pororoca de reajustes de tarifas e cortes de fornecimento está se armando. Os bancos, que resistiram em participar do pool para socorrer as elétricas com empréstimos, acabaram cedendo e colocando créditos de R$ 11,2 bilhões à disposição das distribuidoras. Mesmo assim, estima-se um repasse de monta para os consumidores: a conta de luz deve subir estrondosos 20% em 2015. Algo descabido depois das promessas populistas de desconto anunciadas tempos atrás. O certo é que o represamento de decisões de longo prazo está deixando um preço alto, enquanto políticos miram seus esforços no objetivo maior da permanência no poder.