19/02/2003 - 7:00
O primeiro refrigerante mais vendido no Brasil, todo mundo conhece. É a Coca-Cola que, em suas versões tradicional e light, detém 35,6% do mercado. E o segundo? Qualquer um responderia Guaraná Antarctica ? afinal, o produto criado no Brasil em 1921, tendo como base uma fruta amazônica, sempre foi o motor da área de não-alcoólicos da Ambev. A resposta estaria correta. Até o ano passado. Mas 2003 começou com uma novidade neste setor: o pódio de vice-liderança está dividido. E Guaraná Antarctica (7,9%) vem brigando por espaço com a Fanta (7,1%), que pertence à Coca-Cola. É um empate técnico. Na história dos refrigerantes, as marcas nunca estiveram tão próximas. A fórmula que virou um sucesso nacional é simples: cores alegres, sabor de frutas e um pouco de gás. ?Somos o principal mercado de Fanta no mundo. E 50% maiores que a Alemanha, onde nasceu a bebida?, diz Fernando Mazzarolo, vice-presidente de marketing da Coca-Cola.
O barulho da Fanta começou há um ano, quando a companhia de Atlanta resolveu investir em sua marca patinho feio. Era uma questão de sobrevivência. As tubaínas corriam por fora, abocanhando 40% do mercado de refrigerantes; a guerra das colas travada com a arqui-rival Pepsi não chegava a lugar nenhum. E a corporação precisava justificar seus investimentos. Lançou, então, duas novas versões de bebidas: Fanta Citrus e Maçã. ?As vendas cresceram 17% em um ano?, revela Mazzarolo. No mesmo período, o setor de refrigerantes no Brasil cresceu pouco mais de 3%.
Ainda é pouco para a sede da Fanta. Uma nova versão da bebida acaba de sair dos laboratórios: o sabor morango. ?O produto vai estourar no mercado?, diz Mazzarolo. Até o final do ano, a Fanta deve fazer mais um movimento agressivo. Estão nos planos da companhia lançar novos sabores ? abacaxi pode ser uma das apostas, afinal, o sabor é produzido nos EUA. Deve também lançar a bebida em diferentes embalagens, como garrafinhas PET de 600 ml.
Sinal de que a fabricante americana vem conseguindo fazer com a Fanta tudo o que não pode com sua tradicional Coca-Cola. ?Por ser a segunda marca, os executivos podem ousar muito mais?, avalia o analista do Unibanco, Basílio Ramalho. Um tripé sustentou o gás da Fanta no último ano. Além do aumento na família de refrigerantes, há de se somar a distribuição da Coca-Cola e até uma comida de bola da concorrência. A Sukita ? principal competidora da Fanta, produzida pela Ambev ? parou de investir em publicidade e perdeu mercado. Sem querer, a Coca-Cola abateu a Antarctica. E, desta vez, não foi com sua marca líder.