O empresário paulista Newton de Oliveira já perdeu a conta de quantas vezes foi abordado por concorrentes que queriam comprar sua empresa, a Indústria Brasileira de Gases (IBG), maior fabricante de gases industriais e hospitalares de capital nacional, baseada em Jundiaí, no interior  de São Paulo. 

Oliveira já recebeu, inclusive, uma boa oferta profissional e financeira em troca de 50% do empreendimento. A resposta foi não. “Esta empresa é como um filho,” disse ele à DINHEIRO. “Você venderia um filho?” 

 

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Novas unidades: Oliveira planeja investir cerca de R$ 30 milhões em 2011 e ampliar presença geográfica 

 

Com faturamento de R$ 94 milhões em 2010, a IBG detém escassos 1,7% das vendas do setor, que inclui oxigênio, nitrogênio, acetileno e outros gases, um mercado estimado em US$ 3,3 bilhões, segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim). 

 

Mesmo assim, a IBG incomoda gigantes multinacionais como a Linde, Air Products, Air Liquide e a líder White Martins, do grupo americano Praxair. “Quando começamos, o mercado cobrava preços altos”, diz. “Nós entramos como alternativa.”

 

Para conseguir manter-se competitiva, a IBG precisa investir pesado, ao menos para os seus padrões. Só neste ano, Oliveira está reservando 30% de seu faturamento – cerca de R$ 30 milhões – para ampliar a presença geográfica da empresa. 

 

Nesse plano, consta a construção de uma nova fábrica de gases, em Itajaí (SC). Além disso, estão planejadas para começar a funcionar neste ano mais três unidades, uma no Complexo de Suape (PE), uma em Descalvado (SP) e outra em Jundiaí (SP). Filiais também serão abertas em Curitiba (PR) e Vitória (ES). A meta é crescer 25% ao ano.

 

Mesmo pequena, a companhia já protagonizou episódios polêmicos. O caso mais recente e controvertido foi seu o envolvimento no que ficou conhecido como o “cartel do oxigênio”. 

 

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O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em setembro de 2010, condenou as cinco empresas do setor a pagar pesadas multas após investigações policiais apontarem formação de cartel. A White Martins, por exemplo, recebeu a mais pesada multa da história do órgão, R$ 1,7 bilhão. A companhia contesta a decisão na Justiça. 

 

A IBG, que foi multada em R$ 6,7 milhões, também recorre. Oliveira alega que a acusação não faz sentido. Segundo ele, a IBG, cuja situação financeira é inferior à das concorrentes, precisa ganhar mercado para sobreviver. 

 

Fazer parte de cartel, ao lado de uma empresa do porte da White Martins, com um faturamento 

mais de 20 vezes superior ao seu, só a enfraqueceria. “Por que formaríamos um cartel?”, diz Oliveira. “Nós queremos os clientes deles.”