Na última década, um prédio de 16 andares, localizado no bairro da Bela Vista, nas imediações da tradicional avenida Paulista, em São Paulo,  passou a receber empresários e políticos de expressão no cenário nacional, em busca de tratamento de saúde. Centro de excelência médica no País, o Hospital Sírio-Libanês vem se notabilizando como referência no tratamento contra o câncer. É lá que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está fazendo suas sessões de quimioterapia, como a que aconteceu na semana passada, para tratar um tumor na laringe. A atual presidente Dilma Rousseff também escolheu a instituição para se tratar, assim como o fizeram antes dela o falecido ex-vice-presidente José Alencar e o atual presidente paraguaio, Fernando Lugo. A razão: no campo da oncologia, o Sírio-Libanês não fica nada a dever aos grandes hospitais mundiais. “Antigamente, as celebridades brasileiras iam se tratar no MD Anderson, do Texas”, afirma Roberto Luiz da Silva, coordenador de hematologia e transplante de medula óssea do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer. “Agora recomendamos que fiquem por aqui, que o tratamento vai ser equivalente ao que teriam nos Estados Unidos.”

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Marsal: investimentos em novas unidades e aparelhos são bancados com recursos próprios

O esforço para oferecer um atendimento médico de qualidade no Brasil exigiu mais do que investimentos em tecnologia e instalações. O hospital, fundado pela comunidade sírio-libanesa, ajudou a criar uma nova geração de especialistas e trouxe as melhores práticas de combate ao câncer do Exterior. O próprio diretor do centro oncológico, Paulo Hoff, comandou a área de serviços do MD Anderson e pode falar com autoridade sobre o tema. Seus subordinados também acabam tendo experiência internacional. Grande parte dos especialistas em câncer do Sírio tem formação no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, de Nova York, um dos parceiros do hospital. Até mesmo os residentes do centro oncológico são enviados por três meses para estágios na Universidade de Miami. 

“Isso é fruto de um trabalho que vem sendo desenvolvido desde 1998, quando o centro oncológico foi inaugurado”, diz André Osmo, superintendente- comercial e de marketing do Sírio. Com tantos políticos entre seus clientes, o Sírio, que conta com 340 leitos, resolveu expandir-se geografiamente, abrindo um centro oncológico no coração do poder, em Brasília. Desde junho, políticos e assessores podem fazer consultas sem precisar viajar para São Paulo. A primeira unidade do Sírio-Libanês baseada fora de São Paulo está consumindo R$ 8 milhões em recursos e tem capacidade para fazer 800 consultas e 600 aplicações de quimioterapia por mês. “Apenas três meses depois do início dos atendimentos, precisamos fazer o primeiro aumento da equipe e estamos antecipando a abertura da radioterapia para o começo de 2012”, afirma Osmo. 

 

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Osmo: os médicos do hospital são treinados nos principais centros mundiais de referência ao tratamento de câncer

 

O desembolso na operação de Brasília é uma pequena parte do investimento de R$ 1 bilhão programado pelo hospital para o período de 2009 a 2013, que inclui a compra de equipamentos sofisticados, como o acelerador linear Novalis TX (leia quadro ao lado). Mesmo na cidade de São Paulo, o Sírio também passou a atender pacientes de câncer na sua unidade no bairro do Itaim Bibi. “A construção das filiais está sendo financiada com recursos próprios”, diz Carlos Alberto Marsal, superintendente de controladoria e finanças do hospital. Segundo ele, a receita do Sírio deve chegar a R$ 820 milhões neste ano, o que representa um crescimento de 15% em relação a 2010.

 

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