19/04/2006 - 7:00
No pátio do Castelo de Bratislava, o ponto turístico mais famoso da capital da Eslováquia, o empresário paulista João Zangrandi fala de seu novo desafio: ?Vou ensinar ao consumidor brasileiro que ele pode tomar em casa o mesmo café espresso caprichado dos restaurantes?, diz ele, apreciando do alto as águas bravas do rio Danúbio. Ok, o Brasil é o segundo maior consumidor de café do mundo (só perde para os EUA). Daí a convencer as donas-de-casa a investir de R$ 700 a R$ 3 mil em uma máquina que teoricamente faz o mesmo que elas conseguem com um filtro de papel e um bule de água quente… Mas não duvide deste homem. Zangrandi é aquele do Vaporetto, lembra? Na década de 90, ele fez todo mundo acreditar que não podia viver sem o aparelho vermelho de limpeza a vapor. Foi um marco na história dos eletrodomésticos no País. Zangrandi chegou a faturar US$ 100 milhões em um único ano (1997) vendendo Vaporettos ? só Vaporettos, nada mais. Agora, depois de desfeita a sociedade com a italiana Polti, inventora do Vaporetto, ele quer repetir a jogada de mestre com máquinas de café expresso.
Para isso, associou-se a outra empresa italiana: a Saeco, maior produtora mundial de máquinas de espresso, que faturou ? 520 milhões em 2005. No começo de abril, Zangradi levou um grupo de representantes, varejistas e jornalistas para uma conferência internacional da marca, em Bratislava. Por que Bratislava? ?Temos 53% de nossas vendas concentradas em três países: Itália, Alemanha e Suíça. Precisamos levar o conceito do expresso em casa a locais com potencial de crescimento, como o Leste Europeu e a América Latina?, explica Andrea Cattani, diretor de marketing internacional da Saeco. Seu colega Aldo Taddeo, diretor de exportação, sabe que no Brasil, em função dos preços dos equipamentos, apimentados por taxas de importação que beiram os 70%, a tarefa pode ser um pouco mais árdua. ?Por isso, estamos discutindo a montagem de uma fábrica no País em 2007. Tudo vai depender do crescimento da operação este ano?, ele diz. Em outras palavras, tudo vai depender de Zangrandi, que já dobrou o faturamento da Saeco Brasil para ?10 milhões em 2005 e prevê crescimento de mais 30% este ano. Seu plano de ataque está traçado:
1) Demonstração no ponto-de-venda. ?O varejo de eletrodomésticos no Brasil não está acostumado a demonstrações. Mas quem resiste a oferecer aos clientes um cafezinho a custo zero, totalmente bancado pelo fornecedor??
2) Marketing. ?Vamos investir até ? 3 milhões em 2006 para fazer merchandising na novela das oito e montar uma cafeteria Saeco em São Paulo?.
3) Design. ?É a melhor maneira de criar desejo pela marca e pelo produto. Acabamos de lançar um modelo de máquina desenhado pela BMW. Ele chegará ao Brasil no segundo semestre.?
CAFEZINHO ALEMÃO
Top de linha da marca, o modelo Primea Capuccinho foi desenhado pelo estúdio de design da BWM e custará
? 1,4 mil na Europa
? 520 milhões é o faturamento mundial da Saeco, que detém 30% do mercado global de máquinas de café expresso