Foi um semestre bastante agitado na Perdigão. A companhia começou 2005 confirmando a posição de líder (em volume) no segmento de produtos industrializados (linguiça, salsicha, presunto, entre outros) Destronou a arqui-rival Sadia em janeiro e passou todo o primeiro semestre na ponta do mercado. Embalada pelo bom desempenho, a diretoria da Perdigão anunciou investimentos de R$ 290 milhões para este ano. É o dobro de 2004. Em março, a companhia fechou o balanço do primeiro trimestre com R$ 1,2 bilhão de receita líquida, um crescimento de 10,9% em relação a igual período de 2004. E as exportações somaram R$ 658,3 milhões, avanço de 13,4%. Em maio, a Perdigão arrendou a brasiliense Protondelis, especializada na produção de carnes cozidas. E no mês seguinte comprou o Abatedouro Mary Loise, de Nova Mutum (MT), pelo qual pagou R$ 40 milhões. Agora, prepara-se para mandar seus derivados de aves e suínos para clientes da Coréia do Sul e da China. ?A Perdigão vive um grande momento?, opina Bernardo Carneiro, analista da Corretora Santander Banespa. ?Ela está sabendo aproveitar todas as chances que encontra pela frente?.

A Coréia do Sul é um bom exemplo disso. Assim como os japoneses, os sul-coreanos são consumidores vorazes dos chamados cortes especiais. Este segmento já responde por 20% do faturamento obtido pela empresa no exterior. ?A defasagem do câmbio é uma realidade contra a qual nada podemos fazer. Por isso, temos de ser criativos, abrir novos mercados, reduzir custos e melhorar nossa competitividade?, diz Wang Wei Chang, vice-presidente de finanças, administração e relações com investidores da Perdigão. As recentes aquisições ajudam nesta tarefa. Rebatizado de Perdigão Mato Grosso, o Abatedouro Mary Loise tem capacidade de processar 120 mil aves por dia e funcionará como o embrião de um novo pólo industrial, que a Perdigão pretende construir no Centro-Oeste, focado exclusivamente na exportação. A migração para o Mato Grosso acompanha o avanço das culturas de soja e milho, principais insumos de ração animal. ?Nesta região os custos são 15% menores frente aos estados do Sul?, destaca Chang.

E como cortar despesas é palavra de ordem, a companhia também consolidou as atividades administrativas em um moderno prédio em Itajaí (SC). Na nova Perdigão também não há mais espaço para negócios que fujam do foco. Foi por isso que ela desistiu de fa-bricar óleo de soja, embolsando R$ 7 milhões com a venda das máquinas dessa unidade e com o arrendamento das marcas Borella e Perdigão para a Bunge Alimentos.

Mais leve, a empresa corre para manter a dianteira no ranking de carnes industrializadas, conquistada com a combinação de pesados investimentos em marketing (R$ 40,4 milhões em 2004), aumento no número de canais de distribuição e o lançamento de 29 novos produtos. Com uma fatia de 25,4% em março e abril (0,7 ponto percentual à frente da Sadia), a Perdigão sabe que não pode se descuidar. Por isso está reforçando a produção para atender o mercado doméstico, com a construção de outro complexo industrial em Mineiros (GO). Orçada em R$ 240 milhões, a unidade processará 140 mil aves/dia a partir de 2006. A Perdigão não pretende pisar no freio tão cedo.

Vôo Livre
Números do trimestre janeiro-março de 2005
Receita líquida : R$ 1,2 bilhão
Exportações: R$ 658,3 milhões
Fatia do mercado doméstico: 25,4% (março/abril)
Investimentos para 2005: R$ 290 milhões