Novos nomes começam a ganhar espaço no concentrado mercado brasileiro de auditoria financeira. Assinaturas de empresas novatas, como as paulistas RCS e Directa, têm aparecido até mesmo em relatórios financeiros de companhias do porte da Petrobras. São baixinhas atrevidas numa terra de gigantes multinacionais ? as chamadas Big Four -, Deloitte, PricewaterhouseCoopers, KPMG e Ernst & Young, que dominam o setor no mundo todo. Neste ano, a Directa Auditores apareceu, pela primeira vez, no restrito ranking das maiores auditorias do País elaborado pela CVM. E a RCS Auditoria e Consultoria deu um passo ousado ao inaugurar uma representação em Londres. Toda essa movimentação é retratada no mais recente estudo do instituto americano International Acountin Boletim para a América Latina. Ele revela que, no Brasil, as pequenas e médias auditorias estão crescendo mais do que as quatro grandes multinacionais. O faturamento das primeiras deverá aumentar 50% neste ano, contra apenas 25% das últimas.

Claro, se são menores e mais novas, movimentando cifras inferiores a R$ 30 milhões, é natural que elas se desenvolvam mais rapidamente. Mas o bom desempenho das nanicas começa a alterar o cenário do setor. A concentração ainda é grande, com as Big Four dominando 85% do mercado. Há quatro anos, contudo, esse percentual chegava a 95%.

A mudança no equilíbrio de forças do setor tem várias explicações. A principal, sem dúvida, é o rodízio obrigatório das auditorias nas empresas a cada cinco anos ? que só passou a valer na prática em 2004. Esta regra animou veteranos auditores a deixar seus empregos nas multinacionais do setor para criar empresas próprias. É o caso de Raul Corrêa da Silva, presidente da RCS. Com 30 anos de experiência em grandes auditorias, ele virou empresário em 2002. Sua firma decolou devagar, mas agora, em 2005, a carteira de clientes dobrou, chegando à marca dos 130. ?Assumimos as vagas das tradicionais auditorias, principalmente, no serviço de consultoria?, diz Silva, que recrutou a maioria de seus gerentes na KPMG.

Se se incomodam com o crescimento das pequenas concorrentes, as líderes não passam recibo. ?Existe mercado para todos?, contemporiza Pedro Melo, sócio da KPMG. ?Aumentou a demanda pelo serviço e, como conseqüência, surgiram novas empresas. Só isso?, diz. Por enquanto.

50% é a taxa de crescimento das pequenas e médias auditorias prevista para este ano