16/11/2025 - 10:00
Projeto que levou cerca de três anos para ficar pronto, o campus brasileiro do Grupo WPP, a segunda maior holding de comunicação no mundo, abriu seu espaço ao público. Isso não é exatamente uma metáfora. O complexo que totaliza 57 mil m² no bairro da Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista, tem como coração um jardim que pode ser desfrutado por qualquer passante. É uma área livre.
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Já para acessar os andares onde estão instalados os times de 21 agências e empresas do grupo, é preciso cumprir os ritos comuns às grandes companhias instaladas no país: fazer cadastro digital e ser liberado por um funcionário.
O novo endereço da holding no Brasil, chamado de WPP Vila, reúne aproximadamente quatro mil pessoas. Estão lá as equipes de agências de publicidade famosas, como VML, Ogilvy e Grey. Estão também os times de empresas de PR como Burson e Ideal. Construído pela Brookfield Properties e desenhado pelo arquiteto Gustavo Utrabo, o campus foi inaugurado na terça-feira, 11.
Todas as empresas no mesmo lugar
Dono de um faturamento de US$ 18,8 bilhões por ano no mundo, o WPP desenvolveu a ideia de campus para reunir suas companhias em um mesmo espaço. Como explica a holding, os complexos em que elas estão agrupadas foram projetados para incentivar modelos de trabalho flexíveis e híbridos e para oferecer aos clientes acesso, em um só lugar, aos serviços da gigante de comunicação, que vão de campanhas criativas, passando por design e produção, até soluções tecnológicas para as marcas, com destaque para IA.
O primeiro campus foi lançado em 2015 e hoje o WPP tem quase 50 espalhados pelo planeta. A intenção é chegar a 65 até o final deste ano.

Os complexos recebem nomes identificados com a região. O de Londres, por exemplo, é chamado de Sea Containers. O campus foi montado aproveitando um prédio histórico na margem Sul (South Bank) do Tâmisa onde funcionava uma empresa de leasing e transporte de contêineres marítimos.
Como é o campus
O WPP Vila está localizado no edifício Arquipeo, na avenida Mofarrej. A área é identificada como “Distrito de Inovação”, que busca promover atividades de inovação, tecnologia e pesquisa e estimular a economia do
conhecimento.
Horizontalizado, o campus ocupa uma área de 39 mil m² (do total de 57 mil m² do complexo). Montados com estruturas pré-fabricadas de concreto, os espaços entre os andares são abertos, praticamente sem paredes, gerando uma visão extensa do que está lá fora, na rua. Há grandes empenas texturizadas.
Os andares se interligam por varandas amplas e com largas escadas. A configuração do campus dá uma constante ideia de “dentro e fora” para “confundir” quem está no campus, comenta o arquiteto Utrabo. Ele observa que é comum que os edifícios de empresas sejam de um jeito por fora e de outro no ambiente interno (em geral, mais sisudos). A proposta para o WPP Vila é que se perca essa percepção.

Vale mencionar que, do alto, a vista com as pessoas transitando pelos ambientes externos, entre as varandas e as escadas, chega a lembrar um quadro de M. C. Escher, artista holandês que trabalha com perspectivas e figuras que se encaixam, dando a impressão de mesclar o que está em cima com o que está embaixo.
Por dentro, há espaços para reuniões e outros, menores, que permitem conversas mais reservadas. No térreo, cafeterias e, logo, restaurantes. Existe também um auditório, que pode receber eventos culturais organizados para o público em geral.
Erguido em terreno que foi descontaminado, o campus possui certificação LEED Gold, atestando eficiência hídrica e energética, e certificação Fitwel, que reforça seu foco na saúde e na qualidade de vida de seus ocupantes. Essa ideia, segundo Gustavo Utrabo, é inovadora. O jardim permite dar respiro e oferecer momentos de descanso em um cenário vivo e verde. Mas também se apresenta como mais um lugar para se trabalhar, com a diferença de ser aberto.
Além das empresas do WPP no Brasil, o complexo tem espaços dedicados a clientes, com direito a um “partner lounge”, no qual parceiros estratégicos, como Amazon Ads, Globo, Netflix e Mercado Ads, passam a ter salas exclusivas. É o primeiro espaço do tipo instalado em um campus do grupo no mundo. O WPP tem mais de 20 parceiros de mídia e tecnologia.
Presente na inauguração, Cindy Rose, CEO do WPP, afirmou que o Brasil é “um dos mercados mais dinâmicos e criativos do mundo”. Ela comentou que o campus de São Paulo foi projetado para ser “um espaço verdadeiramente inspirador e aberto”.
Segundo ela, o WPP Vila é um investimento estratégico nos colaboradores, que também proporciona a todos os times ferramentas de ponta, como o WPP Open, plataforma de agentes de IA dedicada a projetos das marcas.
Stefano Zunino, country manager do WPP Brasil, salientou que o espaço transcende o conceito de escritório. “Ao reunir nossas agências sob o mesmo teto, em um ambiente que inspira e promove o bem-estar, estamos mais preparados do que nunca para entregar a transformação criativa que nossos clientes procuram”.
Por que WPP Vila?
O nome WPP Vila foi definido quando quase tudo estava finalizado. E agora ele está pronto para ser espalhado em campanha desenvolvida pela Grey, com filme no YouTube e peças em lugares que ficam nas imediações do campus, como estações de metrô e trem.
O briefing para a nomenclatura do complexo é que ele precisava refletir o Brasil e o espírito do brasileiro, que é comunitário, diz Manir Fadel, presidente e CCO da Grey. “Numa vila, as pessoas costumam ficar com as portas abertas. É um espaço com várias realidades, mas interconectadas”, explica, salientando que ele cresceu em uma.
São duas ideias que o WPP quer abraçar com o nome do campus. A primeira se refere exatamente às vilas do Brasil, em que a vida se organiza em vizinhanças próximas, com os moradores trocando experiências, histórias, receitas. A segunda é simbólica e está expressa na campanha criada pela Grey, que apresenta o WPP como um ecossistema que integra competências diferentes.
Intitulado “O metro quadrado mais criativo do país”, o filme aponta que “diferenças e semelhanças juntas se fortalecem”. A peça conta ainda com elementos da identidade visual do WPP: pontos que se juntam e se
separam para compor desenhos e mensagens.
